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APRUMANDO A CONVERSA

 

Desde menino peralta que vivi de rádio no pé do ouvido. Ouvia de tudo, desde os repentes e emboladas dos cantadores nordestinos, a forrozada de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Sivuca, Dominguinhos e telengotengos outros; a MPB dos festivais, a Jovem Guarda, o rock dos Beatles e progressivos, o jazz tradicional e free, o erudito dos clássicos às invencionices dodecafônicas e atonais de Cage e por aí vai. Eu me esgoelava todo tentando cantar os sucessos do rádio e as óperas que ouvia na radiola. Um desastre, naturalmente. Coisa de menino.

 

Não demorou muito e virei audiófilo, de ficar curtindo shows ao vivo até horas e horas de audições trancadas, só para distinguir ritmos, tons, timbres, escalas, isso de Hermeto Paschoal, Egberto Gismonti ou de músicas experimentais, até martelos agalopados e poemas sinfônicos. Disso para os microfones de emissoras de rádio foi um salto. Não que eu tenha uma voz lá que se diga possível de me tornar um locutor, nada disso. Imitando uma taquara-rachada e, ainda por cima, desafinada, não era de se esperar futuro promissor. Mas os amigos levam a sério o papo de quem não tem cão caça com gato, e me levaram pra soltar minhas doidices no microfone. Coisa de: só tem amigo safado quem pode, né? Apois, foi.

 

Primeiro, eu dividi um programa com o meu conterrâneo Gilberto Melo. O culpado é ele e toda Bagaço. Foi quando a gente fez o Horagá, nas tardes de quarta e manhãs de sábado, na Rádio Cultura dos Palmares, uma emissora AM que se propunha pela integração do Mata Sul de Pernambuco. Foram 2 anos de jornalismo, bate-papo, crônicas e sons. Fui aprendendo e tomando gosto.

 

Por causa disso, tempos depois assumi o departamento de jornalismo da Radio Quilombo dos Palmares, uma emissora FM, na qual eu tinha a responsabilidade de redigir e apresentar um jornal matinal com crônica diária, um programa noticioso diário ao meio dia, um bloco de notícias de meia em meia hora o dia todo e, também, um programa musical-poético nas tardes de domingo, onde rolava muita música e entrevistas com artistas consagrados nacionalmente. Fui pegando jeito e mandando ver.

 

Não durou muito e me engajei na luta da categoria, tornando-me diretor regional do Sindicato dos Radialistas de Pernambuco, na gestão Roberto Calou. Nessa empreitada, não só trabalhei pela profissionalização da categoria, como, também, pelas intervenções que realizei as emissoras da região e muitas outras passaram a ser meu palco.

 

Vão-se os anos e entrei numa de free-lancer, aqui e ali com crônicas, narrações, intervenções e apresentações em uma ou outra emissora, bem como elaborando jingles e preparando plano de mídia radiofônica para alguns clientes.

Até que fui convidado para participar do programa Alagoas Frente & Verso, comandado pelo jornalista João Marcos Carvalho, na Rádio Difusora de Alagoas. Nesta eu entrei com o meu quadro “Tataritaritatá: vamos aprumar a conversa”, onde apresentava músicas, escrevia uma crônica semanal e sapecava questionamentos para entrevistados e informava eventos culturais e artísticos.

 

Inventei, então, de criar uma webrádio, a Tataritaritatá, que ainda hoje engatinha na minha home page e que reproduzem minhas composições musicais e minhas peripécias de locutor e cronista, algumas registradas, inclusive, em vídeo, na minha página do YouTube.

 

Como aprendi na vida que quem bebeu água de chocalho fala mais que o homem da cobra, eu fui mais além: dei uma timbugada no Rio Una – batismo que fabricou muita gente de valor -, e não me dei conta que sou daqueles que gostam de aparecer demais. Não por querer, mas por compulsão mesmo. E se deixar, quando boto para tagarelar, vixe, sou capaz de não parar mais.

 

Ainda mesmo um dia desses, eu concedia uma entrevista numa emissora FM de Maceió e falei tanto que a locutora – minha amiga, obviamente – disse no ar: “Gente, ele fala pelos cotovelos e quase toma o meu lugar!!!”. Num disse? Reconheço. Ainda sou aprendiz, mas já dou minhas tacadas. Só espero que não incomode ninguém.

Pelo menos, até agora ninguém reclamou. Enquanto isso: vamos aprumar a conversa & tataritaritatá!!!

 

Beijabrações

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LUIZ ALBERTO MACHADO ESCRITO POR LUIZ ALBERTO MACHADO Escritor
Maceió - AL

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