Olhos da terra
esperam encontrar na terra boa
pássaros bons e frutos produtivos.
Os teus braços
são de quem protege o calor da seiva que brota raízes
e sustenta cúpulas para aves repentes.
O teu desejo
é de acolher a imensidão noturna iluminada por estrelas
com cheirinho de mato na chuva.
Tua brincadeira
é fazer de conta que as estrelas se espalham na terra
como vaga-lumes errantes, brilhando à toa no teu quintal.
Mas o teu olhar também vem a mim.
Ele me traz o precipício sem fim
E me precipita o desejo de ser também flor, vaga-lume e mito.
O teu olhar busca a ordem.
Ele é condescendente com a colheita dos frutos.
Porque enquanto aguardas o momento de sede para beber da água,
E meu ventre se prepara para acolher lagoas e rios
E o meu riso se transborda
Com a nudez torrente de um dia bom de chuva.
Mas enquanto desejares o produto apenas de tua terra
Não verás que sobre ela já reina um pássaro faminto por areia, essência e canto.
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