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Confidências do palmarino (Feito e dedicado com todo esmero a todos de Rocha Cavalcante )

Não trago em minhas memórias lembranças tão claras quanto as do ilustre itabirano.

O que sei é que principalmente nasci em União dos Palmares.

Mas o rio onde me banhei; as serras por onde passei;

o campo onde assisti inúmeros jogos nos finais de tarde

de infinitos domingos, certamente não ficavam em União.

 

O local se chama Rocha Cavalcante.

 

Foi lá que vivi, esporadicamente, essas emoções.

Ainda me lembro das criações de meu pai (o buscar dos capins);

Os banhos no Rio do Canhoto ouvindo o conversar das lavadeiras.

As crianças, mais corajosas que eu, pulando das pedras (na água).

A água turva que por alguma razão que não sei explicar não lhes fazia mal;

A linha do trem que corta, rasga o povoado, feito uma cicatriz;

E o barulho mágico do trem que de longe avisava aos desavisados: — exijo passagem.

Ainda me lembro da voz forte de meu irmão a me chamar,

pois a noite estava vestida de luar prateado e as ruas (não muitas)

estavam povoadas de novidades (ocorridas durante o dia).

Porém eu, mesmo chegado de fora (garoto da capital),

não lograva muita sorte com o sexo oposto.

 

Mas a imagem do domingo é a mais aclarada em meus pensamentos.

O domingo (quando usávamos a melhor roupa) era o dia da feira. E ainda o é.

As vozes inocentes e orgulhosas a venderem suas plantações;

o doce cheiro das frutas; a farinha de mandioca feita na véspera;

a luta entre os cachorros por sobras de carnes;

a visita ao mercadinho do tio Luís e da tia Delice;

o cachorro quente feito em rodelas de pão francês;

o barulho das bolas na mesa de sinuca (nunca soube jogar);

a expectativa do jogo (de futebol) que se realizaria à tarde (absolutamente todos iriam ver);

os olhares dos espectadores; os picolés que não paravam de ser consumidos;

as gloriosas vitórias e as amargas derrotas.

 

Mas o que (de tudo isso) me ficou eternizado foram os sorrisos,

a alegria da simplicidade vinda das pessoas,

os amigos de longa data,

a fala tão rica e particular de seus moradores

e o amanhecer sereno e acalentador de Rocha Cavalcante.          

 

Penélope SS

1-3-11  01h:07 

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AdrianoRockSilva ESCRITO POR AdrianoRockSilva Autor
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