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Os deuses devem estar loucos (ou vai ver sou eu!)

Desde a antiguidade, acadêmicos – entre eles Sócrates, Platão e Aristóteles – são fascinados pela origem das idéias.
Os gregos não viam nada de tão misterioso na criatividade. Do ponto de vista deles, as idéias vinham sempre da mesma fonte: os deuses ou, mais especificamente, as deusas. Cada uma das nove filhas de Zeus, as Musas, tinha domínio sobre um aspecto de expressão criativa: poesia, música, dança e por aí a fora.
Platão observou: “Um poeta é sagrado, e não é capaz compor até se tornar inspirado, até sair de si e a razão abandoná-lo… pois não é a arte que o impuciona, é o poder divino.”

As deusas não só deviam inspirar a criatividade, mais eram um grupinho bem descriminatório quando se tratava de escolher quem devia ser inspirado (“respirado para”).Era lugar-comum entre os inspirados manter um relacionamento exclusivo com algum ser sobrenatural. Uma vez escolhido por uma Musa para ser inspirado, você só tinha uma coisa a fazer: pegar a idéia no paraíso e trazê-la para os humanos. Para os gregos, nós humanos éramos humildes mensageiros das mensagens divinas, e, assim, a única forma de “ser criativo” era através de estados de espírito específicos. Criatividade era entendida como um ato fora de controle.

Uma vez, Aristóteles, talvez em uma tentativa de se liberar de seu mentor Platão, sugeriu que a doença mental poderia ter um papel na criatividade.  Mas, a respeito de doença mental, os altamente criativos filósofos gregos se apressaram em distinguir “pertubação divina” e “pertubação clínica”.
Claro! A loucura é dos deuses! Eu não sou louco!! Platão postulou: “A loucura, desde que venha como presente divino, é o canal pelo qual recebemos as maiores bênçãos… Ela é mais nobre que a sobreidade… A loucura vem de Deus, enquanto sobreidade é apenas humana”.

Assim como os gregos, os italianos também aderiram à loucura (pazzia) como percusora de criatividade. Pazzia não era bem loucura, era mais perto da melancolia, com solidão, depressão, excentricidade e sensitividade. Assim como entre gregos, esse estado de espirito era amplamente desejável.

Bem, com ou sem inspiração divina, e assumindo a possibilidade de que para algumas pessoas a inspiração venha de dentro, mesmo assim o mistério permanece: De onde vem as grandes idéias? Embora hoje sejamos pensadores esclarescidos que acreditam na noção da criatividade deliberada, a pergunta continua sem resposta. Alguns acadêmicos conteporâneos sugerem que a criatividade é um tipo de exercício cognitivo, que o insight criativo é resultado de pensamentos convencionais, não de pensamentos não-quadrados.

Mas isso leva a outra questão: A criatividade é resultado do pensamento consciente ou do inconsciente?

 

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Thayron Sabino ESCRITO POR Thayron Sabino Escritor
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