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E se não houver o amanhã?


E se não houver o amanhã?

Lógico que todos sabemos e até aceitamos que a morte nada mais é do que um fenômeno natural pelo qual iremos passar um dia. Sabemos ou aceitamos na teoria, pois na prática é muito diferente.
Na prática acreditamos que a morte estará sempre mais adiante, sempre na próxima curva, pensamos que somos imortais ou que iremos ter tempo de sobra para consertar nossos erros. Por isso não ligamos muito para a forma como estamos vivendo.
Ou melhor, sabemos que estamos vivendo de forma errada, vivendo de maneira que não gostaríamos, muitas vezes presos em um emprego que não nos satisfaz, em um relacionamento sem futuro, em um curso de graduação que nos aborrece, em um lugar que nos entristece, mas sempre achando estupidamente, é claro, que iremos ter tempo para reverter o quadro, muitos dizem: “tudo bem é só por enquanto que eu vou continuar nesse emprego, amanhã começo a procurar outro”. Ou: “eu estou com ele só por enquanto, logo, logo, eu descubro o verdadeiro amor e acabo com essa farsa.”.
Logo passa uma semana, passa outra, passa um ano, chegamos aos 60, mas sempre fazendo aquilo que não gostamos ou estando com alguém que não suportamos.
É por isso que acho que a brevidade da vida deveria ser tema recorrente nas salas de aula, os professores deveriam ensinar aos alunos a importância de viver bem e de aproveitar da melhor forma que puder a vida. Se não os professores, ensinem os pais a seus filhos. Pois até poucos anos atrás, eu era que nem muitos são agora: iludidos!
Iludidos? Sim, iludida, por que achava que iria viver para sempre e também por que não pensava na morte, bloqueava qualquer pensamento desse tipo. Mas há dois, três anos, percebi a mentira em que andava vivendo, percebi a farsa na qual eu contribuía para virar realidade: achar que tinha tempo de sobra pra fazer aquilo que gostava, mas nunca arrumando tempo ou disposição para fazê-lo.
Não vou mentir e dizer que não tive medo no começo, tive sim. Tive medo de aceitar que não iria viver para sempre, receio de perceber que meus pais não eram eternos, chorei ao compreender que imortal era apenas a minha alma, ao mesmo tempo, em que renovei minhas forças ao saber que um dia iria me acomodar nos braços de Deus e ficar em paz.
Agora vivo de uma maneira mais plena, já cometi loucuras que antes não faria: dizer eu te amo de uma maneira aberta sem receio de não ser correspondida; dar um beijo em um amigo, nos meus pais; chorar nos braços de alguma amiga; confessar os meus segredos ao meu diário falante; rir de tudo e de nada, inclusive dar gargalhadas sem o medo de parecer ridícula; dizer o que penso mesmo quando não concordo com o que está sendo dito; fazer ciência da computação (só quem faz sabe o quanto é complicado); ficar em pé, em meio à uma multidão que corre apressada para se abrigar, e sentir a chuva cair sobre mim; entre tantas outras coisas.
É por essas e outras que não quero me lembrar como era antes de quem sou agora. Gosto mais desse meu eu! Ele é mais forte, ele vai mais longe, ele é ridículo, ele é palhaço, ele é sério, ele é compenetrado, ele é lágrima, ele é poesia, ele é riso, ele é indeciso, ele é decisivo. Ele é real, não superficial ou iludido.
É justamente essa emoção que desejo que cada um consiga experimentar!

Por último, se ninguém te falou, gostaria de dizer: você vai morrer! Por isso aproveite e viva como se no próximo segundo fosse faltar sua respiração. Aproveite para realizar seus sonhos e para não deixar arrependimentos, mas não vá fazer tudo que quiser sem pensar nas conseqüências.
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IORGAMA PORCELY ESCRITO POR IORGAMA PORCELY Escritora
São Leopoldo - RS

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