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Comentários a respeito de educação

COMENTÁRIOS A RESPEITO DE EDUCAÇÃO

(*) Fábio dos Santos

Dentre os acontecimentos onde o assunto corriqueiro é o ensino público e seus percalços, a educação no Brasil parece piada, com suas raras exceções, lógico. Educadores e especialistas têm feito de tudo um pouco, propostos projetos e até novas fórmulas de ensino. Isto podemos ver em notas de jornais e mídia em geral, projetos nascerem do nada com nomes e feitios bonitinhos, cuja moeda de troca e financiadora de cada projeto é o dinheiro público. Vai chegar o dia em que criarão projetos do tipo: um policial em cada sala de aula, para que assim professores e alunos se sintam mais seguros, pois hoje em dia, caro leitor, fica difícil de discernir quem tem precedentes criminais ou não. Enquanto isto não vira lei, somos brindados diariamente como tiroteios dentro e fora da escola, ambiente que deveria servir para a prática da aprendizagem e do ensino.

Como docente por quase seis anos na rede pública pude constatar e até denunciar algumas atrocidades dentro e fora de sala de aula, como, p. ex., jovens travestidos de alunos caçoando e agredindo professores e servidores. Diversas vezes informei via imprensa sobre casos assim as próprias CE ( Coordenadoria de Ensino ), onde se aboletam muitos profissionais que não vêm uma sala de aula desde que conseguiram via política se livrar do dissabor de enfrentar uma escola, em especial a 1ª CE, ali, no bairro do Centro, num prédio antigo e mal iluminado e precisando duma boa reforma. Ali, constatei ex-diretores de escolas que por algum motivo nada didático-pedagógico, com uma mesinha cheia de papeis assumindo um papel nada condizente com sua função que é Office boy ou coisa que o vaia. E como resposta: aquele discurso meloso de que as providências estão sendo tomadas, de que estão em andamento projetos X e Y e de cada caso será resolvido. Uma pinoia!

A situação na escola e na educação em geral piorou: quando a preocupação eram apenas as notas baixas no ENEM, os índices precários no IDEB e a avaliação do PISA ( Programa Internacional de Avaliação Escolar ), agora o buraco é mais embaixo como se diz no popular: a violência regada de pânico e muito sangue. Sem falar dos desabamentos e dos furtos nas escolas que agora viraram moda.

Tanto se paga com os impostos para se ter em troca uma propaganda promovida pelos gestores de faz de conta, desta terra cheia de bens naturais e intelectuais. E para onde vai todo o dinheiro, p. ex., do Projeto GESTAR ( que, segundo e-mail recebido por mim, é mais um loteamento de emprego ) e do Tempo Integral? Onde este, a título de acordar uma parceria com a comunidade, qualquer um pode se candidatar a monitorar crianças e jovens com brincadeiras, sabe lá Deus, com qual teor pedagógico, como o que vi, mal aplicado – ou muito bem aplicado para interesse próprio - investimento federal desse mesmo projeto na Escola Estadual Tarcísio de Jesus, que os traficantes fecharam, logo ali no Conjunto Virgem dos Pobres III, Trapiche.

E essa agora de que o bolsa-família patrocina o consumo e o tráfico de drogas, como foi noticiado nos jornais. Isso é o que dá dar o peixe e não a vara de pescar. Vai chegar o dia em que estudar neste país não é mais perspectiva de futuro, se os jovens já não entendem que fazer neném gera mais dinheiro com tantos benefícios sociais por aí em cada esquina.

Desde que o FHC meteu o Brasil no roteiro de avaliação do PISA, em 1999, a educação só vem levando bomba, e cada vez piorando. Este ano, no ENEM 2010, todas as escola públicas levaram bomba, ficaram abaixo da média, como já era previsto, assim como os sorrisos dos salvadores da pátria, sempre que alguma empreitada pública vai de mau a pior, prometendo mais projetos e mais verbas.

Pelo que vemos, já que o ensino público passa longe no quesito oferecer uma perspectiva de futuro, a melhor maneira será, um dia, retirar o nome do Brasil do processo internacional de avaliação educacional – uma vez que nenhuma luz há de se acender no final do túnel na concorrência com outros sistemas de ensino de outros países - , só assim ficará mais fácil de escondermos a vergonha e incompetência no quesito educação pública. Mas isto soaria como uma covardia, e até onde sabemos, historicamente, não somos covardes. Mas, e agora? Já que não podemos manter nossos filhos longe do perigo chamado ESCOLA?

(*) é professor licenciado em Letras pela UFAL, servidor público, músico e escritor premiado.

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Fábio dos Santos ESCRITO POR Fábio dos Santos Escritor
Maceió - AL

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