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Quando eu vou vê-lo novamente?

 

Ninguém entende como duas pessoas tão diferentes podem ter ficado juntas por tanto tempo e terem sido tão felizes. Não que tenhamos tido apenas bons momentos e coisas alegres para recordar, houveram brigas e desentendimentos também, mas nós conseguimos. Nós conseguimos superar a pior tempestade e a primavera mais florida por que sabíamos que tínhamos um ao outro. 
Estávamos sorrindo ao dizer adeus, pois as lágrimas eram desnecessárias já que o meu sorriso expressava tudo o que eu sentia sobre nós, sobre a falta que você vai fazer em mim e sobre o quanto eu aprendi a ser forte por e com você. E sei que, para você, a ausência delas representava o mesmo. 
Não procurávamos mostrar que estávamos apaixonados através das palavras, nossos olhares falavam por si só. Não trocávamos juras eternas de amor nem ficávamos o tempo todo juntos. Mesmo assim, ou talvez por isso, eu sempre soube como você se sentia sobre mim por causa da maneira como você me protegia e me completava.
Eu te queria e não precisava convencer mais ninguém. Eu te amava e não era a minha presença ao seu lado que garantia isso, e sim, a cumplicidade que tínhamos e o conforto que você encontrava em meus braços.
Você conhecia minhas fragilidades, meus medos e minhas manias, em troca me deixava conhecer os seus. Você segurava em minhas mãos e juntos nós vencíamos tudo que nos impedia de seguir adiante.
 
Não havia cobranças nem portas trancadas, éramos livres e por isso voltávamos. Não éramos metades, éramos inteiros que se completavam. Não éramos personagens perfeitos nem seguíamos um script pronto, éramos imperfeitos e conhecíamos os defeitos e qualidades um do outro. Não aceitávamos tudo nem estávamos sempre felizes, no entanto, por mais perdidos que estivéssemos sempre encontrávamos o caminho de volta nos braços um do outro. 
Seja em um simples cinema em casa, em uma conversa, em uma volta pela cidade à noite ou em uma discussão sobre desenhos animados, nós escapávamos do óbvio e sabíamos que éramos felizes mesmo fazendo coisas tão comuns.
Lembro-me da última vez em que você sorriu para mim e me disse: "Vamos deixar o mundo lá fora acontecer enquanto nós nos sentamos na varanda e observamos a calmaria das estrelas." 
E, agora eu queria somente um motivo, uma oportunidade, para te pedir para ficar. Por uma hora, uma noite, um ano, apenas fique comigo um pouco mais e me ajude a sobreviver à noite mais escura que eu tenho de enfrentar. 
Porque eu não consigo ir para casa sabendo que você não estará lá. Não consigo sorrir fingindo que estou bem e escutar pela milésima vez os outros dizerem que vou superar com o tempo. Não vou. A dor vai amenizar, as lágrimas irão cessar e eu esboçarei um sorriso mais verdadeiro, no entanto, os meus olhos vão continuar sem brilho. 
Mas, eu vou cumprir minha promessa: vou seguir em frente e reaprender a viver por nós.Afinal, o maior ensinamento que aprendi ao seu lado foi a ser forte quando o mundo espera que já não tenhamos força alguma.
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IORGAMA PORCELY ESCRITO POR IORGAMA PORCELY Escritora
São Leopoldo - RS

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