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Querido amigo

Meu querido velho amigo...

 

Hoje quando olhei para o homem que por tantas vezes me deu apoio, me escutou, enxugou minhas lágrimas, conversou comigo e me aconselhou, me deu uma vontade imensa de chorar e de brigar comigo por não ter visto as mudanças que estavam ocorrendo em seu corpo.

Eu não via somente o adulto que me dizia que os meus sonhos impossíveis podiam se tornar realidade, que tarde da noite vinha ao meu quarto e me observava dormir, que cuidava tão bem dos outros e que doava tanto sem receber. Hoje ao olhar para ele vi também um velho senhor que carregava no rosto as marcas de uma vida que na maioria das vezes não fora fácil de ser vivida.

Vi a um velho. A um velho homem que continuava o mesmo de ontem no interior, mas que mudou tanto no exterior: os cabelos começaram a ficar grisalhos, os passos se tornaram mais devagar, as mãos calejadas pelo esforço continuavam as mesmas, apenas as marcas ficaram mais profundas.

Marcas de uma vida de luta, de batalhas constantes, de glórias, de paciência para ensinar a mim e ao meu irmão que as coisas essenciais são as que não têm preço e que fé é o bastante para mover montanhas.

Eu o observo e vejo esse olhar de menino que ainda continua em seu rosto. Esse olhar moleque de quem sabe se contentar com as coisas simples da vida e de quem soube viver plenamente. Duvido que algum dia esse olhar vá desaparecer e poucos são os que conseguem conservá-lo por tanto tempo.

Sabe meu papai querido, hoje me pergunto o que o tempo fez conosco: como os anos passaram tão depressa a ponto de eu só ter percebido essas mudanças em seu corpo quando elas ficaram completamente visíveis?

Pai, meu amor amigo, quem me dará as respostas quando tudo o mais não fizer o menor sentido? Quem vai me abraçar quando a escuridão ameaçar tomar conta dos meus dias? Para quem, meu papai querido, eu vou correr quando os monstros do armário ameaçar se tornarem reais? Meu velho amigo quem vai enxugar minhas lágrimas quando você não mais estiver aqui?

Não consigo responder a essas perguntas por mais que tente.

 

Eu não sei se te disse ou se faz tempo desde a última vez, papai, mas eu te amo!

 

Você dentro todos os pais seria a minha única escolha: SEMPRE!

 

Dedicado ao meu pai Ismael com todo o meu amor.

Obrigada por me transformar sempre

e me dar os melhores exemplos

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IORGAMA PORCELY ESCRITO POR IORGAMA PORCELY Escritora
São Leopoldo - RS

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