Vícios Automáticos (Mentiras sempre exibem um pouco de verdade)

                Há quem diga que uma atitude errônea como se viciar por opção e escolher ser dependente de algo que no fim só nos trará decepções e infelicidades, deve ser condenada e punida de algum modo, porém, basta pensar um pouco sobre seres humanos e suas séries de erros diários para percebermos nossas idiotices rotineiras e habituais, nós, por natureza, temos inúmeros vícios automáticos, como por exemplo, tomar aquela deliciosa coca-cola logo após uma exaustiva partida de futebol, onde nosso corpo foi muito exigido, consequentemente gastando muitas energias que deveriam ser repostas por uma bebida que contenha energia suficiente para isso, e mesmo sabendo que a coca-cola não nos proporcionará estes efeitos desejados, além de poder desenvolver algum problema futuro em nosso corpo devido a grande quantidade de produtos químicos adicionados em sua fórmula, acabamos por beber, simplesmente pelo prazer momentâneo.

                Nossos vícios nos tornam capazes de fazer coisas que achávamos que nunca faríamos para conseguir saciá-los. Dos efeitos colaterais sempre presentes em todas as nossas decisões, o pior deles quando o assunto é vício, é a mentira, que nem é cem por cento mentira, pois, sempre que mentimos com a desculpa clássica de “Ah, fiz por influência do vício”, de algum modo estamos realizando desejos presentes em nosso temido subconsciente, e que se camuflam nestas situações, ou seja, seja lá qual for a situação, a verdade é que a verdade liberta, e não importa o quanto ela vai te complicar, no fim tudo será mais fácil se no início tuas palavras foram verdadeiras.
                E como não citar o principal e mais eficaz vício automático, por ser o único que afetará todas as áreas de nossas vidas como um efeito dominó, o amor.

                Então, o que torna um apaixonado bem diferente de um viciado em drogas, por exemplo? E quem seria mais forte, as drogas, ou o amor? Qual dos dois tem maior poder de destruição?
                São comparações radicais, mas equivalentes, pois, ambos começam como uma fonte de prazer e terminam como situações que jamais deveriam ter se quer começado. Como posso então condenar um drogado, quando eu mesmo estou vivenciando um estado de vício por um sentimento que eu sabia que me levaria a isto e mesmo assim me rendi a ele.

                Hipocrisia é foda, todos nós sabemos que lá no fundo o livre arbítrio e o enorme talento para escolhas erradas típico dos seres humanos é o que nos deixa na mesma condição em relação aos que estão em meio a qualquer tipo de vício, que aos poucos se tornam automáticos, e mesmo assim somos capazes de condenar os outros, enquanto nos escondemos por trás de nossas máscaras de “tudo bem”.
                Enfim, quem acha que só viciados em jogos, drogas entre outros são infelizes com suas escolhas erradas, com certeza não sabe o que é o amor, ou o que conhecia por amor, nunca o foi de verdade.    

                                                           Distrito de Poxim, Coruripe-AL
                                                                    02 de Maio de 2012