UMA AMIGA OSSO DURO DE ROER
- Oi, quanto tempo. Você está linda...
- Quer dizer que eu era feia?
- Claro que não. Só quis dizer que você está mais bonita.
- Ah. Então eu não era bonita o suficiente?
- Não é isso. Eu só quis te elogiar.
- Como é? Então era só da boca pra fora?
- Não, você entendeu errado. É elogio sincero.
- Tá bom. Então você acha mesmo que eu estou mais bonita?
- Sim. Claro. Muito mais bonita.
- Pois é. Eu fiz plástica. Adivinha onde.
- Nos seios.
- O que? Então você não estava olhando pra o meu rosto e sim pras minhas partes íntimas, seu indecente.
- De jeito nenhum. Falei por falar e foi sem maldade. Desculpa.
- Só lhe desculpo porque você acertou.
-Ah, então a plástica foi...
- Psiu. Não precisa repetir, seu folgado.
- Tá bom. Até mais, vou indo.
- Como assim? Vai me deixar falando só é? Além de indecente, mal educado.
- Não é isso. É que eu preciso trabalhar e já estou atrasado.
- Mentira!
- Verdade. Meu trabalho fica logo ali, ó.
- Você piscou. É prova de que está mentindo.
- Mas eu não pisquei coisa nenhuma.
- Tá me chamando de mentirosa.
- Pelo amor de Deus. Eu só disse que não pisquei.
- Se piscar de novo, arranco seu olho, viu?
- Certo, eu não vou mais piscar.
- Arrá! Então admite que piscou, não é, seu fingido.
- Desculpa, mas vou ter que ir mesmo.
- Vou deixar, mas antes me responda uma coisa: Por que no colégio vocês me chamavam de neurótica, hein, hein, hein?
(Sander Dantas Cavalcante)
1 mil visualizações •
Comentários