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Adriano, O Grande!

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Em meio a modernidade conheci um moço que se autodenominava de: Adriano, O Grande. Adriano, O grande, surpreendeu-me pelo tamanho de seus braços, que eram musculosos, enormes. Na hora pensei na forma como me abraçaria se o tivesse conhecido pessoalmente. Ele teria me apertado com força e certamente eu me despedaçaria ao meio. A grossura de minha perna não chegava na metade de seus braços. 

Observando suas fotos eu perguntava-me o porquê de O GRANDE, ora! Ele me parecia ser baixinho. Sim, baixinho, forte, e muito bonito por sinal. Naturalmente, conversávamos muito. Dia após dia. Exceto nos dias em que ele tinha que trabalhar embarcado, coitado. Lembro-me a vez em que perguntei-lhe como era a rotina num navio, em seu trabalho e se ele não ficava aperreado para sair, ele me respondera com seu espírito positivo que iniciava o trabalho pela manhã, as onze almoçava, reclamou da internet que não funcionava ( o que era ruim, pois assim limitava muito nossas conversas), às 17:00 guardava os equipamentos de trabalho, fila do banho, fila da janta, tevê na sala, ah e claro um monte de homem feio que ele não aguentava mais ver. Como eu gostava de conversar com esse tal de Adriano, O grande que não era tão grande assim!!!!

De repente ele me vem com tal de cabeluda. Sim, meu nome não mais era Mariane, agora eu me chamava Cabeluda. A rotina do seu trabalho fizera com que conversássemos cada vez menos. Porém, sempre que ele entrava na internet, fazia questão de me deixar um recado do tipo: "passando para te deixar um cheiro, meu anjo cabeludo." E eu, claro, sempre estava lá em sua página social te dando uma palavra de conforto e carinho. Adriano, O grande, costumava me dá muita força e muita energia do tipo: "vai, minha cabeluda, você vai sair dessa, você vai conseguir realizar seus sonhos, e eu, eu estarei aqui para ver seu sucesso de perto".

Lembro-me muito bem da última conversa que tivemos- e vez ou outra está eu lá lendo vezes e mais vezes como forma de sentir seu espírito e de lembrar-me dele- nesta época, que foi em meados de janeiro deste ano, ele havia entrado mais constantemente na internet, e como que ironia de um destino que acho eu não estava muito do nosso lado, eu tinha me ausentado um pouco. E nunca nos deparávamos na internet, ele entrava eu saía, eu saía ele entrava, e sempre estava eu a responder, não de maneira simultânea seus recados que me enviava do tipo: "minha riqueza, estou tentando falar com você há dias e nunca te encontro online. Vou viajar para Florida, preciso ajeitar algumas coisas. Eu volto, mas talvez seja por pouco tempo, a minha única dificuldade de ficar por lá provavelmente seja minha faculdade. Vou crescer mais um pouco e volto com uma Kombi rosa pra te buscar. Conhecer você foi um presente que Deus lá do céu me deu! Saudade minha cabeluda." A Kombi rosa me soou engraçado até no momento em que li dei um sorriso bobo. Tinha falado pra ele sobre a vontade de ter uma Kombi e sair por esse mundo para conhecer as maravilhas naturais, ele afirmava que queria ir junto comigo.

Comentávamos sobre a forma que nos conheceríamos e se isso seria possível. Ele do Rio, eu de Alagoas, na época não era muito oportuno, ele trabalhava e eu estudava. Mas eu tinha esperanças de que iria conhecê-lo. No entanto, no momento em que ele me falou que iria morar na Flórida fiquei um pouco triste, mas feliz. Pois ele estava feliz demais. Tinha arrumado um emprego. Nossa! Ele estava tão feliz, que eu senti sua felicidade no outro lado do computador. Mesmo assim, a esperança ainda me restava em conhecê-lo. Nesta mesma conversa, ele me falara do quanto gostava de mim, do quanto me admirava, do quanto queria ver meu sucesso. E eu falara para ele que fora um imenso prazer ter o conhecido, e que aguardava sua vinda. Mas Adriano, O Grande não veio. Ele se fora, sem direito à volta. Aquele homem pequenino no tamanho, mas grande na alma deixou-me sem explicação. Desde o princípio eu sabia do por que de Adriano, O grande!

O grande me ensinara uma grande lição: para amar uma pessoa não precisa estar perto dela. Talvez a distância ajude o amor a se tornar incondicional. Tiveram pessoas muito próximas a mim que se quer moveu um dedo para desejar-me um feliz ano novo. Adriano, O Grande, estando distante, sem nunca ao menos ter me dado um abraço, não só desejou-me um feliz ano novo, como me desejou tudo de mais precioso em minha vida. Não tínhamos malícias, era uma amizade pura. Não sei o que nos aconteceria se ele estivesse vivo. Provavelmente iríamos tomar um banho de cachoeira, trocar pneus da Kombi, dançar um forró, e mais que tudo, iríamos unir nossas forças. Iríamos nos somar. Confesso que a coisa de que mais me lamento hoje, o que mais entristece a minha alma é o fato de eu não ter o conhecido pessoalmente. Porque a gente iria fazer isso, a gente planejava isso. Com todo o prazer do mundo, teria uma belíssima amizade, eu teria uma companhia incrível. E no dia em que todos os meus sonhos se realizarem, Adriano, O Grande, esteja onde ele estiver me aplaudirá e eu ouvirei seus aplausos como cantos de júbilos. 

 

Adriano, O grande, sua Cabeluda, nunca esquecerá você!

 

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Mariane Rodrigues ESCRITO POR Mariane Rodrigues Escritora
Maceió - AL

Membro desde Julho de 2010

Comentários

Ron Perlim
Ron Perlim

Sua crônica exala sinceros sentimentos e numa linguagem clara nos demonstra como a vida pode ser interrompida de forma inesperada. E o mais interessante, pessoas distantes que torcem pelo sucesso e pessoas próximas que não dão um simples parabéns, mas engolem saliva. Gostei do texto e o caminho é por aí.

Mariane Rodrigues
Mariane Rodrigues

Obrigada pela visita e pelo comentário Ronaldo, foi escrito com todo o carinho e amor do mundo. Beijos!