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Poema pervertido

Ouviam-se ao longe os gritos, sussurros e gemidos.

E o misto de gozo e dor que percorria

toda a extensão do ser que agora

se sentia possuído pelo frenesi.

 

Ouviam-se ao longe as mais torturantes súplicas;

efusão do êxtase mais íntimo

que agora se fazia líquido,

cobrindo todos os cantos e recantos virginais.

Uivam os amantes libertinos;

Calam-se os puritanos;

No entanto, a loucura que se deseja;

a fúria animalesca se faz e

está presente em ambos.

 

Ouvia-se o som dos corpos a se retorcerem;

os cabelos a se emaranharem

na volúpia imoderada

da fêmea incauta,

sedenta por sentir seu possuidor

a percorrer-lhe

as entranhas, cortando-lhe

como uma lâmina

a dividir a carne em duas metades.

 

Sentia-se o cheiro inebriante dos órgãos;

o gosto salobro das partes mais escondidas

e por demais desejadas.

Percorria-lhe a língua: pouco a pouco,

como se estivesse a descobrir

novas possibilidades de gozo.

E, inevitavelmente, eis que se ouve

um urro mais intenso:

é chegada a hora de fluir tudo que é

apetite, gozoso, desejável.

 

A fêmea, feito flor aberta esperando

a coleta de seu néctar,

curva-se ao dominante, aguardando

o regar de seu Monte-de-Vênus.

Ouvi-se ao longe a queda dos amantes.

Extasiados, esgotados, trêmulos.

Mas sabe-se que

a dança dos corpos logo se há de reiniciar.

 

Penélope SS

22-09-12   23h:34        

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AdrianoRockSilva ESCRITO POR AdrianoRockSilva Autor
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