Pânico nas ruas de Maceió II
Ó belezas piscinais que só teus mares têm,
Pajussara, Ponta Verde, Francês, Sereia...
outras que imaginamos dentro da alma.
Vestem-nos de puro cedro, protejam-nos contra os cantos escuros da cidade.
onde estão os bichos que o poderio esconde
nos becos tomados de lama e de lixo,
onde estão os bichos que um dia nasceram homens.
é possível, numa cidade tão bela, habitar tanta miséria?
quando podemos ver fazer notícias a dinheirama nos quatro cantos
dos diários oficiais.
um pouco de esmola aqui para a velhice de tantos alegrar,
um nadinha ali, para os moribundos rolando no chão aporcalhado de muitos hospitais
e postos de saúde.
um pé descalso a pisar sobre soturnos cascalhos
para a felicidade do nascer duma febre terçã,
o emagrecimento do corpo de quem sofre sem remédio
de quem padece de medo de olhar para o sol.
ó cidade bela, como é possível ser tão bela
mas dá morada a gente que não sorri?
Fábio dos Santos
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