O MEU AMIGO FICOU INVISÍVEL:__eu juro!!!

Eu tinha por volta de sete anos, e como sabemos, sete anos é um mundo cheio de fantasias, aventuras fabulosas que passa dentro de nossas cabecinhas!...

Lembro-me de uma aventura fantástica, elaborada pelo campo da mente responsável pela minha imaginação, onde, com grande entusiasmo, resolvi mais um amiguinho buscar o segredo de ficar invisível! Meu pai tinha o habito de ler e sabendo disso me dirigi a sua biblioteca particular atrás de um livro que tratasse do assunto, ou seja, “A Arte de Ficar Invisível”. Para poder “mexer” em seus livros era necessário ter a sua autorização, pois quem se atrevesse fazer o contrário, se tratando dos meus irmãos, o castigo era passar o fim de semana limpando livro por livro até o último. Assim procuramos seguir o protocolo. Tendo a sua permissão de procurar o “tal” livro, mesmo escondendo o título do “magnífico livro”, finalmente encontramos! O título era bastante curioso: O Poder Invisível da Mente. Olhei para o meu amigo, bastante entusiasmado, ele demonstrando o mesmo sentimento, e como se tivéssemos achado o “mapa da mina”, fomos logo ara o meu quarto para explorá-lo com grande expectativa. Lá, em meu quarto, nós dois começamos a leitura com bastante concentração:

 “A mente é capaz de desenvolver tantos poderes que somos capazes de realizar tudo que queremos. Uma mente desenvolvida é uma mente poderosa e pode utilizar de sua força para vencer todos os obstáculos visíveis e invisíveis.” (autor)

___ Eu não disse que existia uma fórmula de ficar “invisível”? Eu não disse!... ___Disse eu com o livro erguido em uma das minhas mãos.

Nisso o meu amiguinho já idealizava o que fazer quando se tornar invisível diante de todos, e principalmente diante de suas “chatas” irmãs.

Ambos, com vários planos diabólicos em mente continuamos a leitura pelo resto da tarde adentrando pela noite. Após ter extraído os tópicos necessários e anotado cada um em sua folha de papel, resolvemos apostar quem ficaria primeiro invisível na manhã seguinte!Assim cada um partiu para as suas casas, pois já era hora de tomar banho e logo depois jantar a saborosa sopa de feijão de minha mãe. Passei a noite até a hora de dormis pensando o que eu iria fazer com os “poderes da invisibilidade” em minha vida. Varias fantasias nasceram naquele momento, a exemplo: viajar de avião de graça, entrar no cinema e assistir quantos filme quiser (tudo de graça) e sair assombrando as pessoas ao falar em seus ouvidos “Eu sou o fantasma do capitão gancho!”, ajudar a desviar a bola do meu time predileto se esta for em direção ao gol, entrar no quarto das irmãs e saber dos seus “segredinhos” e suas secretas paqueras e contar para os nossos pais, e tantas outras coisas fabulosas e aventureiras para fazer.

Era sábado de manhã e acordei mais cedo do que de costume. Fui o primeiro da família a tomar banho e a tomar o café da manhã. Logo depois que desjejuei fui escovar os dentes e segui para o meu quarto. As anotações sobre a “invisibilidade” estavam bem guardadas, ou seja, em baixo do meu travesseiro. Comecei a memorizar passo a passo cada prática do exercício para que o resultado fosse perfeito! Depois de algumas horas, não mais do que três, comecei a prática:

PRIMEIRO PASSO: deite na cama, relaxe a mente, não pense em nada que traga tristeza ou lembranças ruim; pense em coisas boas tais como: andar a beira mar com o sol irradiante, nadar em suas águas calma e com a temperatura morna, um belo arco-íris com cores bastante vivas, sair voando entre nuvens totalmente brancas e com uma textura de algodão, e continuar pensando no voo, mas agora por cima de uma densa floresta repleta de pássaros multicoloridos...

SEGUNDO PASSO: entre por sua janela ainda em pleno vôo e calmamente pouse de volta para a sua cama. Bem deitado comece a pensar que está andando num jardim infinito de flores brancas, e, ao andar, colhe uma e respire o seu agradável aroma! Continue caminhando até encontra uma grande cachoeira de águas cristalinas, onde, as suas águas são tão límpidas que se consegue ver o outro lado. Ultrapasse o seu “lençol de água” e não pense mais em nada!...

TERCEIRO PASSO: respire profundamente até que não sinta mais o seu ambiente e só se concentre na sua própria respiração.

QUARTO PASSO: se algumas imagens vierem a sua mente, não tente analisá-las, ela logo sumira de sua mente.

                Seguindo os quatros passos senti que algo estava acontecendo tanto quanto na minha mente quanto no meu corpo. Percebi que estava em pé. Comecei a andar pelo quarto e não sentia o meu corpo. De repente já me encontrava no lado de fora de minha casa. Os vizinhos passavam por mim e não dava mais o sorriso de costume para mim. As minhas irmãs passaram por mim e estavam vestidas de uniforme escolar. Não me mandaram entrar, nem a mais nova me “deu-língua”. Finalmente percebi que tinha dado certo a minha “Invisibilidade Física”. Corri para a casa de meu “amiguinho” e chegando lá não encontrei nem ele e nem os seus pais. Para a minha surpresa, logo após ter entrado, todos os móveis também tinha sumido! Comecei a ficar sem saber o que fazer. “Onde está o meu amigo e seus pais?” voltei para casa para ver o que poderia fazer para localizá-los. Comecei a me achar culpado pelo desaparecimento de sua família e que represálias sofreria dos meus pais.

                Voltei para o meu quarto e voltei a ler o livro para descobrir como desativar a “Arte de Ficar Invisível”. ___Mas cadê o livro? Sumiu também!...__ Para o meu desespero, totalmente sozinho nisso, fui ficando desesperado. Já quase em prantos alguém chamou pelo o meu nome:

___ Pedro!..., Pedro!..., fique calmo. Tudo vai se resolver. Não se desespere. Eu irei te ajudar...

___Mas quem é você? Perguntei mais calmo, mas apreensivo ainda.

___Eu sou o autor do livro.

___Onde você está?

___Estou bem perto, no seu lado esquerdo.

___Mas eu não te vejo, por quê?

___Porque eu estou invisível também!...

___E como você me encontrou se não consegue me enxergar também?

___Pelo pensamento. Todos nós invisíveis nos escutamos pelo pensamento. Mas não se preocupe com que está acontecendo com você, pois irei te ajudar a fazer o retorno para o mundo visível, o mundo que conhecemos! Preste bem atenção quando eu lhe disser uma palavra-chave você irá repeti-la por três vezes. Assim voltará tudo ao normal.

                Estava mais tranqüilo quanto o retorno ao meu mundo físico, mas ainda muito preocupado com a família do meu único amigo! De repente o autor do livro voltou a se comunicar e disse-me:

___Agora repita comigo: AAABRUMMM..., AAACRUMMM..., AAADRUMMM...

                No exato momento em que acabei de repetir as estranhas palavras, imediatamente abri os meus olhos eu estava de volta, deitado em cima de minha cama. Corri e finalmente encontrei os meus pais sentados na mesa tomando o seu café da manhã. Minhas duas irmãs continuavam dormindo. Minha mãe me deu um abraço, confesso que foi o melhor abraço sentido por mim vindo dela, e me convidou para sentar a mesa e tomar café com eles. Confesso que tomei bem rápido, pois a minha intenção era logo visitar o meu amigo e ver se estava tudo bem com ele e com a sua família e contar toda a aventura acontecida quando ainda estava invisível. Eu sabia que ele também fez a prática ensinada para se tornar invisível! Chegando lá, após passar pelo jardim, abrindo a porta grande de pinho, para o meu desespero, tudo tinha desaparecido!...  Imediatamente corri de volta para casa. Tranquei-me no quarto e comecei a chorar. Chorava com a cabeça em baixo do travesseiro para que ninguém descobrisse o meu crime! Achava-me culpado pela tragédia acontecida. Resolvi aguardar os fatos em silêncio. Por razões estratégicas e totalmente despreparado par enfrentar cedo à responsabilidade de ser co-autor do fato ocorrido com a família do meu melhor amigo, resolvi guardar segredo, se caso não descobrissem o que realmente aconteceu. Os meses passavam e nada de aparecer o meu amigo. Até que em certo dia algo novo começou acontecer na casa do meu amigo desaparecido há meses. Umas pessoas estranhas estavam a visitá-la. E não mais do que três dias um caminhão baú encosta bem enfrente e começam a descer as mobílias característica de uma residência para ser habitada. Foi aí que tirei a conclusão que toda a família desaparecida, ou melhor, a família do meu melhor amigo, partiu para outra dimensão. E que ninguém saberá nunca do fato ocorrido. “Menos má para mim!” Depois de alguns anos também a minha família mudou-se. Meu pai se aposentou e fomos morar em outra cidade, em frente ao mar. Com isso aprendi a nadar no mar, jogar futebol de praia, novas amizades e novas aventuras (agora amorosas). Estava feliz!... Sentia saudade daquele meu grande amigo que até então sem notícias dele nenhuma. Ao fazer dezoito anos entrei na universidade de Física. Estava apaixonado pela astrofísica! Resolvi me tornar um cientista da área. Fiz mestrado, doutorado e pós-doutorado. Atualmente eu vivo na Universidade da  Bélgica como professor titular lecionando a matéria de Física Quântica. A minha dedicação aos estudos me deram gabarito para ser cientista cooperador do grande Acelerador de Partículas ( CERN- Centro Europeu de Pesquisas Nucleares/ Genebra). Como eu disse: estava feliz...

A minha carreira me deu grandes títulos e diversas vezes eu fui premiado pela Sociedade Internacional de Estudos de Física Quântica. Atualmente trabalho na descoberta de novas partículas muito importante para decifrar a origem do Universo. O meu chefe, para a minha alegria, era um brasileiro de uma mente privilegiada. Considerado um gênio. O seu trabalho de pesquisa é anulação da matéria total com a função de investigar a invisibilidade física em outra dimensão. Por coincidência, se é que existe isso cientificamente, ele se parece muito como meu grande amigo de infância! Os chamam de Dr. Érdna, bem diferente do meu amigo que se chamava “André”.