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Inibido

Inibido

 

Das lutas que travei e dos caminhos que busquei, a vida pouco me proporcionou. O destino fez seu jogo, brincou de mostrar o rumo e insinuou, expondo seus sabores; porém, das porções que alcancei, quando ingeri o sumo, a essência já se esvaíra. Quando  meu estame quase  inaugura o pistilo da flor, dela não fui o polinizador. Quando quase residi, fui despojado, inibido; pois, do alimento que mais tive fome, não consegui comer; o pecado original que mais mendiguei, não consegui cometer; da fonte que mais tive sede, não consegui beber. E foi neste brincar de expor e negar, que do fruto que mais desejei, não consegui provar; no desnudo que mais me enfeitiçou, não consegui tocar; o saliente, pequeno e encoberto, que mais quis sorver, não consegui desvendar; na “fenda” que acendeu minha cobiça, não consegui penetrar. Assim, nessa trituuura, a seiva que vitaliza o viço resseca, retrai a libido, ofusca o ser e turva a mira perseguida. No entanto, ainda assim, mesmo sabendo que este sentimento fende o peito e desordena o coração, espero ser movido, extasiado e embebido pelo gameta dessa flor, e nesse enlevo, colhê-la no agasalho desse vicejar.

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Josue Firmino ESCRITO POR Josue Firmino Escritor
Arapiraca - AL

Membro desde Outubro de 2012

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