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ECA! BEIJAR É NOJEENNTO!!

Eca! Beijar é nojeennto!!

*Carlindo de Lira Pereira

 

       O dicionário Aurélio define assim o verbete beijo. [do latim basiu]. S. m. 1. Ato de tocar com os lábios em alguém ou alguma coisa, fazendo leve sucção; 2. Contato suave: Sentia, ao andar, o beijo da aragem vespertina. 3. Pessoa notável pela doçura e\ou beleza: Jéssica é um beijo.

       O beijo, caro (a) leitor (a), está tão presente em nossa cultura que existe até a figura do beijoqueiro, aquele indivíduo que roubava beijos de celebridades, inclusive do papa; o beijo é tão popular que há vários adjetivos ou palavras adjetivadas que designam o tipo específico do ato de beijar: o beijo roubado, o beijo traiçoeiro, o beijo frio, o beijo quente, além do selinho e o artístico; importante destacar  o beijo de língua, com suas vertentes sensuais,e  o popularíssimo ‘xero’ nas bochechas. E para  os mais curiosos vale lembrar que há no mercado livros e revistas femininas que literalmente ensinam a arte do beijo.

       Mas, o motivo que me levou a dedicar-me sobre tão interessante tema foi a atitude de uma aluna, que a propósito é um ‘beijo’ na terceira acepção  da palavra; vamos ao ocorrido: numa suave manhã de outono estava eu, lecionando português, cujo tema, crônicas e cronistas, havia sido previamente  solicitado, como atividade de casa; para os alunos pesquisarem na inter-net a definição ou definições de crônica  e  escolherem  um  cronista  e  sua biografia  e, também, uma produção do escritor escolhido.

       Tudo ia transcorrendo dentro dos padrões normais do momento-aula, até que um aluno mais ousado trouxe,  e  leu uma crônica que abordava a temática do beijo e em algum momento descreveu a cena de um casal beijando-se intensamente, quando ouviu-se na sala um sonoro “écaaaa”!!  A fala do aluno que lia foi interrompida pela interjeição acima que denota, claramente, total aversão a alguma coisa, nesse caso foi o beijo. Pedi que a autora do “eca” explicasse sua atitude; ela não se demorou e como um relâmpago, eletricamente, descarregou: “É nojeennto! Beijar é nojento!!  A turma toda riu, houve quem gargalhasse. Eu não me contive, entrei no clima. Nesses momentos mágicos, espontâneos, inesperados que sacode a todos,  que, inevitavelmente, mexe com todos na sala de aula. Ela continuou falando “eu acho...”   “Eu acho...”   Passo a descrevê-la: sua tez é alva como nuvens de verão, cabelos que variam de castanhos a pretos , (quando  não estão pintados de preto, é claro!) , eles vão  até  os  ombros, tem  um  rosto  expressivamente sisudo,  com  traços  harmônicos  entre  as  sobrancelhas, olhos, nariz e boca que esboça quase sempre um lindo sorriso;  com  um  misto  de  ternura e timidez, diante do fato balança a cabeça horizontalmente, com uma expressão facial de convencimento confirma com seus olhos e mãos que para ela, beijar é nojento, apesar do protesto geral de seus colegas de turma.

       Eu gesticulo solicitando silêncio, aproveito para  fazer  um  comentário argumentando que o ato de beijar é uma atitude natural  e  aceita  em  nossa sociedade, dependendo do contexto;  quando outra aluna interrompe:  “professor ela é contra beijar, ficar, namorar, noivar, até casar!”  Nesse instante grita, em acordo, outra aluna: “Eu sou contra casar, também!”  A partir daí todos  falam  ao  mesmo   tempo, nesses momentos da aula em que a turma toda se comunica simultaneamente, alarido, gritinhos. Levanto-me, gesticulo pedindo silêncio mais uma vez. Retomo a palavra. Aquele aluno que lia, continua a leitura daquela crônica que causou todo essa agitação.

       Mas... E o beijo¿ Este permanece, nojento ou gostoso. O beijo é o beijo!  E como professor  tenho o dever  de  advertir  a  aluna  do sorriso lindo: não é bom beijar, porque o beijo na boca causa dependência, vicia! Talvez, essa aluna pressinta isso. Mantenha-se longe, pois, o vírus do beijo é letal, uma vez infectado por um único beijo na boca, geralmente, morre-se de tanto beijo de amor e paixão!!!

 

Professor da UNEAL e Sócio efetivo da ACALA.

      

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Carlindo de Lira ESCRITO POR Carlindo de Lira Escritor
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