UM MOLHO DE TEMPO

OS ANOS CORREM, O RELÓGIO CONTA.

A VIDA PASSA, O DEDO APONTA.

E INCERTO, SE OLHA NO ESPELHO,

SE PERDE NAS LEMBRANÇAS.

QUASE EM DESESPERO

A AMPULHETA INSÓLITA

AS HORAS SE ESGOTAM

PARTÍCULAS REVOLTAS

DA VIDA QUE VAI

DA ALMA QUE SECA

DA VINCA QUE MARCA

A COR QUE EMBOTA

O ENVELHECER.

NA LUTA DIVERSA

DO VIGOR QUE RESTA

QUE GASTA E SE ARRASTA

NO SEU PADECER

E NÃO SE CONFORMA

AOS  DEUSES IMPLORA

REPREENDE AS HORAS

PRA RETROCEDER.

NO CAMPO A SEMENTE CRESCEU LEVEMENTE,

NO TEMPO DORMENTE  DOS DIAS QUE VÃO.

O CEIFEIRO CEIFA O FRUTO MADURO,

A SEMENTE CADUCA, O ENGILHO DAS MÃOS.

COLOCA O CHAPÉU.

FAZ SOMBRAS NO ROSTO

E COM GESTO TORTO

DESGOSTA O QUE VÊ.

UM ROSTO MARCADO

DE SONHOS FRUSTADOS,

OLHOS EM BUGALHOS,

ENFRENTA O TEMPO

É ELE E VOCÊ.

PRECISA CORRER, HÁ COISA A FAZER

NÃO HÁ TEMPO A PERDER...

A VDA DEVORA, A ALMA IMPLORA,

ENCARA O TEMPO OU ELE OU VOCÊ.

ENTÃO SE FADIGA E PERDE A  DECÊNCIA

FOGE A PACIÊNCIA, PARAR É MORRER.

DE COSTAS PRA LIDA, REVENDO AS FERIDAS

TOMANDO MEDIDAS PRA BEM MAIS VIVER.

E TRÓPEGO  RESPIRA, NA CAMA REVIRA,

O SOL FAZ O GIRO, IMPEDE O PROSSEGUIR.

E SEM MAIS CONSOLO, SE OLHA NOS OLHOS,

UM MOLHO DE TEMPO É O QUE RESTA, É O FIM.

                            ELENA