Sub-Reptícia
Sentado sobre a areia tépida da praia
Deixo me abrasar pelo sol morno do fim de tarde
Sinto a areia entre meus dedos, em meu corpo, por toda parte.
Procuro no horizonte aparentemente infinito algo que me atraia.
Ao primeiro olhar nada avisto,
Um segundo e nada, persisto
Até que com olhar fixo
No horizonte a mim contiguo
Encontro o que procurava:
{Um reflexo, um espectro}
Que aos pouco toma forma.
Uma forma não clara, diluída em cor de estanho,
Remete-me a natureza comum do ser humano.
Que apesar de ter tanto com nada se conforma,
Subjugando a natureza as suas necessidades supérfluas
A seus desejos pueris
Frutos de egoísmo cerviz
Como quem brinca de uma flor arrancar as pétalas.
Sentado sob o céu infinito, sobre a areia morna, cercado pelo mar vívido.
Olhando tal figura no horizonte, identifico-me intrinsecamente.
A semelhança é tanta que me intimido.
Será que sou eu especificamente?
-Especificamente não-
É apenas a parte comum em todo ser humano,
Egoísta, ignóbil e sub-reptícia!
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