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O SALVADOR DA PÁTRIA, será?

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Ontem, 28 de outubro de 2018, em que pese a ausência do meu aluno preferido, Cícero, na Escola Bíblica tive a oportunidade de lecionar sobre Lucas 19: 28 a 48, cujo tema foi “A Entrada de Jesus em Jerusalém”, fato que tornou-se inevitável uma breve reflexão sobre o atual pleito eleitoral.

Mesmo que a figura do candidato não reporte semelhança com o salvador da humanidade segundoa essência da sua missão, algumas circunstâncias fez-me lembrar da trajetória da campanha de Jair Messias Bolsonaro, conforme passo a relatar.

Jesus entrou em Jerusalém montado num jumentinho, momento em que a multidão o aplaudia, reverenciava-o e gritava em uníssono: “Bendito o que vem em nome do Senhor! e jogava vestes pelo chão por onde o Rei haveria de passar. Não muito diferente disso, também em uníssono as multidões por onde Bolsonaro passou, em coro, gritavam repetidamente: “Mito!, Mito!” (refrão que ainda tine e retine em meus ouvidos).

A multidão que aclamava pelo nome de Jesus, vivia oprimida por um governo romano que não lhe permitia prosperar, tampouco expressar publicamente a sua dor. Os governantes eram corruptos e o mau exemplo destes contaminava os publicanos que cobravam impostos em dobro para enriquecerem criminosamente. O povo estava cansado de tanta roubalheira e, na ocasião, via em Jesus o ungido de Deus que traria de volta a sua libertação contra um governo nefasto. Nisso eles erraram, pois o reino que Jesus veio implantar não é deste mundo; Mesmo assim, o enredo me conduziu ao mensalão, à lava jato, às delações premiadas, aos altos impostos e aos escândalos da Petrobrás e BNDS, cuja caixa preta espero que Bolsonaro a encontre.

Enquanto o povo o aclamava Rei de Israel, montado num jumentinho emprestado, Ele simplesmente chorava por Jerusalém, cujos moradores se afastaram dos caminhos do Senhor, motivo pelo qual a metrópole estava condenada à destruição - fato que veio ocorrer 70 anos depois, cujos patrícios dispersaram-se pelo o mundo a fora.

Jesus não tinha dinheiro, não tinha gente importante que o defendesse e, como se não bastasse, uma casta de religiosos e doutores da lei pedia a sua morte. Não porque Ele houvesse cometido crime, mas pelo fato de não conseguir conter o apoio e manifestação popular em função dos seus feitos. Ninguém conseguia encontrar nEle um defeito que convecesse o povo a abandoná-lo, por isso, apropriando-se da má fama da sua cidade, apenas perguntavam: “Pode alguma coisa boa sair da Galiléia?”

Mais uma vez, lembrei-me de Bolsonaro que era um político a quem o congresso não dava atenção haja vista a quantidade de votos obtidos quando se candidatou a presidente da câmara. Ele colocava o dedo na ferida do sistema, mas, não obstante o ódio que nutriam por ele, ninguém comentava para não despertar a fúria sociedade. Utopia.

Todavia, aos poucos o povo foi observando suas falas e seu passado, a ponto de vislumbrar em sua pessoa, um instrumento de libertação de um sistema que tem aprisionado o cidadão em grades ferro e cercas elétricas, assim como a limitação do seu direito de ir e vir dada à exacerbação da delinquência; de uma escola pública partidarizada; crianças e adolescentes incentivados à excitação sexual prematura; e, pasmem, de um sistema que furta o direito do cidadão de bem de se defender de quem tente violar a sua integridade física e de seu patrimônio.

Percebendo o perigo que ele representava ao sistema, primeiro tentaram conter o crescimento do seu apoio popular através de mentiras, de palavras descontextualizadas e expressões mal colocadas que ele proferira em momento de tensão. Quem nunca falou bobagem? Quem nunca contou, em momentos hilários, piadas de mau gosto, mesmo vindo a se arrepender depois? Mas, aquela campanha difamatória não logrou êxito. Pelo contrário: quanto mais o agrediam na sua integridade moral, maior se tornava o seu apoio popular, chegando ao ponto do desespero, ocasião em que tentaram dar cabo à sua vida com uma facada no abdómen. Ele sobreviveu.

Em 2019, presumo que muita gente vai morrer, lamentavelmente; presumo também que vão dizer, em requinte de falsidade, que é culpa do que eles chamam de “discurso de ódio”. No jornal Correio Brasiliense, vê-se uma notícia recente de homicídio não intencional por um eleitor de Bolsonaro. A partir de então, desconfio que o jornalismo partidarizado, ao cobrir um caso de homicídio irá perguntar prioritariamente em quem o homicida votou. Não o interessará se for eleitor do PT, MDB, PSDB etc., mas, se do Bolsonaro, então esta será a causa da tragédia. Poupem-me.

Em 2018, mais de 60 mil homicídios foram registrados e não se comentam de quem é a culpa, mas, se metade disso acontecer em 2019, a imprensa marxista logo lembrará a campanha do Bolsonaro.

Enfim, Jair, definitivamente não é o Messias. E, diferentemente deste, não é caminho que leve ninguém para o céu; ele não é sequer o libertador do Brasil, como foi Moisés para os israelitas. Ele vai errar, embora não espero que seja por má fé; ele vai tomar decisões inadequadas, mas aguardo que seja humilde para reformular suas ações.

Finalmente, apesar de todos os riscos, tenho expectativas de um Brasil melhor a partir de janeiro de 2019.

QUE DEUS TENHA ABENÇÕE O BRASIL

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Edson de Carvalho Silva ESCRITO POR Edson de Carvalho Silva Escritor
Maceió - AL

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