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PROMETEMOS NÃO CHORAR: a intertextualidade apresentada na linguagem teatral.

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PROMETEMOS NÃO CHORAR: a intertextualidade apresentada na linguagem teatral1. 

RESUMO: O artigo intitulado: PROMETEMOS NÃO CHORAR: A intertextualidade apresentada na linguagem teatral, destaca a importância do teatro e de sua linguagem para o desenvolvimento da linguagem humana, o processo de comunicação do texto teatral e como ele se desenvolve a partir de outras linguagens justapostas para compor o texto geral e dar margem a intertextualidade. Inclui um breve estudo teórico a respeito da intertextualidade e observa de forma aprofundada o referido espetáculo teatral e as formas de linguagem que se justapõem para formar o contexto final.

 

Palavras-chave: Linguagem teatral, intertextualidade, linguagem cibernética.

 

ABSTRACT: The article entitled: PROMISE NOT CRY: The intertextuality presented in theatrical language, highlights the importance of the theater and its language for the development of human language, the communication process of the theatrical text and how it develops from other juxtaposed languages to compose the general text and give rise to intertextuality. It includes a brief theoretical study about intertextuality and observe in detail the said theatrical performance and forms of language that are juxtaposed to form the final context.

 

Keywords: Language theatrical, intertextuality, cyber language.

 

INTRODUÇÃO

 

Este artigo tem como objetivo analisar as diversas nuances do texto teatral através da intertextualidade. O trabalho foi produzido usando como exemplo o espetáculo “Prometemos não chorar” realizado por um projeto de extensão do Instituto Federal de Alagoas – IFAL Campus Maragogi, além de outras várias bases teóricas a saber: AULETE (2011), COUTINHO (2011), BAKHTIN (1997), MARCUSCHI (2008), UTUARI et.al. (2013) e outros.

O trabalho foi divido em dois tópicos: A obra (onde aborda toda a contextualização do espetáculo) e intertextualidade (este subdivide-se em: Linguagem literária, canções e linguagem cibernética.

Espera-se que tanto os educadores como a classe artística e a comunidade no geral possa refletir a respeito das múltiplas linguagens encontradas no teatro e como ele pode contribuir para a formação de um ser crítico e reflexivo no que diz respeito a linguagem e ao seu uso.

 

1.   A Obra.

O espetáculo teatral intitulado “Prometemos não chorar” é um trabalho realizado a partir de um projeto de extensão, denominado NorteArtes, da Pró-Reitoria de Extensão – PROEX do Instituto Federal de Alagoas – IFAL Campus Maragogi sob a direção do Prof. Msc. Ricardo Araújo, o mesmo também atua como professor de artes do referido campus.

Todo o trabalho é desenvolvido a partir de uma história real, foi feito a princípio uma pesquisa para que houvesse uma maior compreensão do amor, que é o tema abordado pelo espetáculo, para que a partir daí pudesse se buscar meios de se trabalhar esta história dramaticamente.

O Cenário está cheio de simbologia e traz por si só uma comunicação: quatro bases de concreto com hastes em PVC, estes pintados de verde e cheios de teclas e peças de computadores, na ponta destas hastes é colocada uma rede de pesca de forma que só se deixe o fundo aberto e todas as partes frontais e laterais estejam cercadas por esta rede, toda a história, ou a maior parte dela acontecerá dentro da rede.

A peça começa com a música Malagueña Salerosa, canção romântica mexicana de autoria atribuída a  Elpidio Ramírez y Pedro Galindo Galarza, em seguida começa-se um jogo de músicas que relacionam ora o rio ora o mar, dada a característica de que se têm alunos do projeto que vivem no município de Maragogi (Mar) e em Matriz de Camaragibe (Rio), cidades da região Norte do estado; com o termino deste jogo começa a história propriamente dita: atores entram em cena e numa linguagem corporal começam a dialogar como se estivessem em um site de relacionamento, tendo como fundo deste um diálogo cibernético entre duas pessoas que acabaram de se conhecer.

Acabado este momento entram os dois protagonistas em cena, Mário e Sara, um príncipe e uma princesa do século XIX fazendo uma relação ao período do romantismo cujas características não estão muito distantes dos relacionamentos virtuais atuais: certa evasão para um mundo distante como uma forma de distanciar-se de sua realidade, a hipervalorização das emoções (tristeza, angústias, medo e insatisfação pessoal e amorosa) e a busca por um ser perfeito e inatingível; ao mesmo tempo em que retratam características do século XIX estes personagens fazem referência aos personagens Mário Bros e  “Princess Peach Toadstool” (Princesa do reino dos cogumelos) do jogo Super Mário Bros produzido pela empresa Nitendo e criado por Shigeru Miyamoto. Como que sugerindo a ideia de jogo durante o espetáculo, o que não deixa de ser a nossa vida cotidiana e as nossas relações sociais, um jogo. Um jogo de inter-relações pessoais, sociais, amorosas e psicológicas que nos constroem enquanto ser humano e ser social.

O personagem de Mário para dar um maior ênfase ao período do romantismo recita, durante o trabalho, poemas de um dos maiores representantes deste período e conhecido como Mal do Século: Álvares de Azevedo. Trechos de poemas como “Lágrimas da vida” e “Amor” são recitados durante o espetáculo.

 Ao decorrer da apresentação vão sendo mostrados ao público músicas brasileiras da década de 70, onde o tema também gira em torno de amores, alguns inclusive mal correspondidos, todas essas músicas são interpretadas e dubladas por um personagem enigmático que aparece no intervalo entre as cenas.

Percebe-se uma aproximação maior, ainda que virtualmente, entre Mário e Sara durante o espetáculo até que surge Jéssica, prima de sara e sua confidente, Jéssica aparece em todos os encontros marcados pelos protagonistas, pois Sara nunca pode comparecer aos encontros, mesmo assim manda mensagens de amor acompanhadas por algum símbolo: no primeiro momento, uma aliança, caracterizada por uma algema e no segundo momento um CD que Sara teria gravado somente para o seu amado.

Durante o encontro, é importante ressaltar que toda a fala dos personagens neste momento está sendo lida, fora do espaço de atuação, por outros atores para dar a ideia de um texto literário que transborda para o mundo virtual e real.

No intervalo entre os dois encontros há um duelo, uma discursão entre Mário, o amante da princesa e um amigo do protagonista que tanta roubar o coração de sua amada às escondidas. Para tal eles iniciam a proferir um para o outro frases de tons sarcásticos retiradas de status de Facebooks, seguido da música “Meu Cofrinho de Amor” de Elino Julião, uma música da década de setenta, agora cantada por estes atores simulando uma ópera, todos disputando o coração da princesa.

Seguindo a ópera e do segundo encontro com Jéssica, ele ouve o CD que sua amada o enviou e começa a discutir com a mesma pelo celular, dizendo que ao pesquisar no Google descobriu que aquela música não fora feita para ele, como Sara havia lhe afirmado outrora, esta música era de uma banda muito conhecida (neste momento entra a banda e faz sua apresentação), depois disso, nosso protagonista volta ao palco com um fone de ouvido desta vez desesperado, pois sua amada parecia ter lhe determinado o fim, vendo tudo acabado a início sofre muito quando novamente é abordado pelo personagem enigmático que traz novamente uma música de amor, desta vez a canção “Eu não sou lixo”, imortalizada na voz de Evaldo Braga. Enquanto a música vai sendo dublada por esse personagem enigmático junto com mais alguns atores em cena fazem a tentativa de reanimar o personagem que parece muito abalado com a situação, até que o mesmo se desespera e começa a gritar, ele está farto de canções de amor! Neste momento os demais atores saem correndo de cena, assustados com o desespero de Mário e Protagonista começa a recitar o poema “Por que mentias?” de Álvares de Azevedo, ao mesmo tempo em que vai tirando as redes das bases, como numa forma de dizer que a rede (virtual) estava se acabando, não havia mais sentido.

Neste momento Mário narra a história de seu suicídio, ao tentar se matar tomando várias caixas de medicamentos, que no espetáculo se tornam batatas fritas, refrigerantes e doces, elementos que, de certa forma, também vão, aos poucos, nos matando nos dias atuais e nós nem percebemos. Enquanto ele toma seus medicamentos outra personagem enigmática aparece em cena, ela não se identifica, não se traduz apenas recita o poema “Ismália” de Alphonsus de Guimarães, para externar a loucura de Mário enquanto o mesmo toma seus comprimidos silenciosamente e em seguida cai morto no palco ao som da música “Cucurrucucu paloma” uma música mexicana de autoria de Tomás Méndes que ilustra bem a morte do nosso personagem central.

A cabo de alguns minutos ouve-se um toque de telefone celular, Mário ao ouvir este toque levanta-se, uma voz representando uma atendente de telefone começa a lhe fazer perguntas muito formais, ao que ele responde como se a tivesse encontrado num site de relacionamento e a quisesse muito conhecer, por fim a voz da telefonista pergunta seu nome completo, Mário já não sabe mais quem é ou quem pode vir a ser e começa a dar vários nomes para si mesmo até que percebe que seu nome é Sara. A descoberta lhe causa uma mistura de sentimentos (medo, angústia, incerteza, raiva, alegria) e enquanto ele está na sua loucura, todos os ostros personagens voltam ao palco cantando e dançando a música “Meu cofrinho de amor” de Emilio Julião e desta forma se conclui o espetáculo.

2.   Intertextualidade.

Este termo pode ser definido como uma influência direta ou indireta de um ou mais textos literários preexistentes na elaboração de um novo texto. (AULETE – 2011. p. 808) Esses textos, geralmente, tem um ponto em comum, podem abordar de diferentes formas a mesma temática, por exemplo. Podemos pensar que essa característica em comum entre os textos é global, pois nenhum texto surge do nada, ele surge a partir das experiências sensoriais e cognitivas do autor. Dessa forma poderíamos dizer que:

Há hoje um consenso quanto ao fato de se admitir que todos os textos comungam com outros textos, ou seja, não existem textos que não mantenham algum aspecto intertextual, pois nenhum texto se acha isolado e solitário. (MARCUSCHI – 2008. p. 129.)

É perceptível em todos os momentos essa ligação entre os textos, sejam eles verbais ou não, dentro do espetáculo no geral, mas neste artigo teremos um enfoque nas três principais linguagens existentes e como estas linguagens podem favorecer o processo artístico e mais ainda, refletir como esses elementos linguísticos conseguem abordar a mesma temática dando enfoques distintos para a mesma.

Em cada tempo e lugar, as linguagens tiveram um modo e um propósito ao serem criadas, e também receberam algum tipo de valor ou grau de importância. Estudar sobre as linguagens artísticas possibilita ampliar conhecimentos e desenvolver habilidades para que possamos ler e criar em arte. (UTUARI. et al – 2013)

Em cada período da história a linguagem possui um significado próprio, não podemos dizer, por exemplo, que a poesia hoje é obsoleta e o e-mail, o facebook seriam as melhores manifestações linguísticas atuais. Cada uma tem sua representatividade e seu valor de acordo com o objetivo para a qual foram criadas além de sua importância histórica e social neste contexto.

2.1Poesia (Linguagem literária).

A Poesia é a suprema expressividade subjetiva da palavra, é suprema por seu caráter primário e por dar vasão a todas as outras formas de expressões literárias e sentimentais, ela por sua vez é sempre carregada de um significado próprio, pois carrega consigo a intenção de emocionar, comover o leitor a partir das palavras, mas para que isto ocorra estas palavras precisam estar unidas num contexto, percebendo que:

A expressividade da palavra isolada não é pois propriedade da própria palavra, enquanto unidade da língua, e não decorre diretamente de sua significação. Ela se prende quer à expressividade padrão de um gênero, quer à expressividade individual do outro que converte a palavra numa espécie de representante do enunciado do outro em seu todo—um todo por ser instância determinada de um juízo de valor. (BAKHTIN- 1997. p. 314)

Não há muita utilidade numa palavra isolada, esta precisa vir carregada de seu contexto, de sua intencionalidade para que haja sentido real e toda essa intencionalidade vem a partir de experiências com a mesma como afirma Coutinho:

Mais do que a língua, simples instrumento, o que importa à definição, a caracterização de uma literatura, é a experiência humana que ela transmite, é o sentimento, é a visão de realidade, tudo aquilo de que a literatura não é mais do que a transfiguração, mercê de artifícios artísticos. (COUTINHO-2011. p. 20)

Dessa forma entendemos que tudo que está escrito é um reflexo do artista, que pode também ser um reflexo do leitor e é a literatura que exprime a alma brasileira, no contato da realidade histórica, social, psicológica, humana, característica da civilização brasileira. (COUTINHO – 2011. p.22.)

Na linguagem poética, uma figura de linguagem muito encontrada é a metáfora, podemos dizer que a metáfora é um artifício linguístico-artístico que permite-nos ver as coisas diferentemente, para pensar em novas ideias, novas relações entre palavras, sons, imagens, gestos...(UTUARI. et al – 2013 p. 97). Através dela conseguimos ver além do texto e imaginar outras situações, rever contextos, reformular opiniões. Mesmo que um texto seja de outro período ou de outra cultura podemos, a partir da metáfora trazer essa linguagem para nossa realidade o que resultaria na universalização desta linguagem.

2.2 Canções.

Quer exemplo maior de canções do que os trovadores? Estes utilizavam a arte da palavra (escrita e oral) com músicas. Sua temática geralmente era o amor, eles utilizavam de metáforas para também criarem suas canções e como reflete Utuari:

Metáfora é uma transferência de significados. É criada com base em uma semelhança que pressupõe um processo anterior de comparação. Trata-se de uma figura de linguagem utilizada por letristas e poetas para estabelecer uma analogia de significados entre palavras ou expressões. Pode brincar com a imaginação, enriquecer uma frase poética e criar possibilidades de duplo sentido ou ambiguidade. Na arte, usar metáforas é mais do que migrar significados, é construir um discurso que estabelece relações e inter-relações entre o que está sendo dito e seus possíveis sentidos. (UTUARI. et al – 2013. p. 97)

            A música no espetáculo traz a temática do amor que também é abordada nos textos poéticos, alguns metaforicamente e outras denotativamente nos trazem a definição e o sofrimento sentido pela pessoa que ama, que em sua maioria não é correspondida.

            É interessante perceber, contudo, que a música, ou que os elementos sonoros, não é feita apenas em estúdios como todo um aparato tecnológico, ela pode ser produzida de forma simples por qualquer pessoa com a capacidade de ouvir uma partitura corporal, pois como nos indica Utuari. et. al:

A capacidade de ouvir, organizar e criar sons é um aspecto da nossa inteligência. A composição resulta da coordenação de nossas ideias em um projeto musical. A música nasce dessa percepção e paixão que os seres humanos tem pelos sons. (UTUARI. et al – 2013. p. 178)

O interessante de qualquer obra artística é perceber que apesar de sua efemeridade, ela pode se transformar vir com o mesmo contexto mas de formas e roupagens diferentes, tratando da mesma ideia sem ser repetitivo ou monótono. As tecnologias da informação contribuem nesse processo, pois como afirma Utuari. et al:

As obras artísticas de diferentes linguagens podem transitar do passado ao presente, vestindo novas roupagens, recebendo novos contextos e tecnologias. Podemos assistir videoclipes e baixar músicas pela internet. As tecnologias de informação nos aproximam ainda mais da linguagem da música, com obras criadas hoje ou que marcaram gerações. (UTUARI. et al – 2013. p.524)

            Dessa forma percebemos que o processo musical é importante para a percepção sensorial do indivíduo. A música se encaixa no espetáculo como uma forma de linguagem colaborativa e se comunica com as outras linguagens de forma intertextual para uma melhor compreensão do trabalho artístico como um todo.

2.3 Linguagem cibernética.

No mundo atual e globalizado em que vivemos onde tudo é visto de forma pluralizada e contextualizada a linguagem não poderia deixar de passar por transformações de acordo, claro, com cada contexto. Esta linguagem foi inserida há algum tempo no teatro, mas pela sua versatilidade torna-se sempre nova e atual atendendo a necessidades do autor e a realidade atual de uma sociedade ou de um contexto social e segundo Olinto:

Partes da literatura flutuam nas correntes de mensagens, nos transportes de comunicação, de uma maneira diferente da maneira de flutuar de uma obra sobre práticas diárias de linguagens. (OLINTO, Heidrun Kreiger: SCHØLHAMMER, Karl Erik. – 2002. p.25)

 

A literatura, como forma de escrita e de expressão artística, está presente não só no teatro, mas em vários outros meios linguísticos e a internet atualmente traz essa escrita com uma nova roupagem percebendo a relação do homem com o mundo que o cerca como afirma Zanoli:

O Contexto da globalização alterou a relação homem-linguagem-mundo, visto que no mundo globalizado somos diariamente submetidos às culturas diversas que são mediadas pela comunicação. (ZANOLI. Maria de Lourdes. 2014. P.8)

 

Percebe-se neste homem através dos meios virtuais a urgência de uma persona on line com a qual ele possa interagir ou transformar-se em uma outra persona afim de atender as necessidades sejam elas de comunicação ou de outros tipos. E segundo Monte Mor:

No ambiente da intimidade virtual, nos quais as máscaras sociais podem ser significantemente reduzidas, se comparadas a comunicação face-a-face , a persona on line assume existência descomprometida (ou não), imediata (ou não), circunstancial (ou não), efêmera (ou não), tendo liberdade para escolher e agir sem as preocupações e expectativas de sansões de outras convenções sociais. (MONTE MOR. Walkyria. 2007. P.38)

            Neste sentido, a linguagem cibernética está muito próxima da teatral pelo fato da liberdade da pessoa de ser (ou representar) vários personagens ou personas com um determinado objetivo seja ele de emocionar, informar ou puro entretenimento. Percebendo a metamorfose do ser humano e consequentemente, da forma como usa sua língua materna, a internet faz surgir uma nova era criando um novo estilo textual – o hipertexto – uma nova forma de permear o processo comunicativo, é um texto livre, aberto e sem fronteiras definidas (Falcão. [2003]).

3.   Considerações finais.

A intertextualidade, assim como a literatura no geral, nos dá uma liberdade de extrapolar os limites do real e perceber a linguagem em outros contextos, antes nem imaginados pelo escritor ou até mesmo pelo leitor. Ela nos permite perceber que um texto pode ir além do obvio, desta maneira:

A literatura não é cópia do real, nem puro exercício de linguagem, tampouco mera fantasia que se asilou dos sentidos do mundo e da história dos homens. Se tomada como uma maneira particular de compor o conhecimento, é necessário reconhecer que sua relação com o real é indireta. Ou seja, o plano da realidade pode ser apropriado e transgredido pelo plano do imaginário como uma instância concretamente formulada pela mediação dos signos verbais (ou mesmo não-verbais conforme algumas manifestações da poesia contemporânea). (BRASIL, 2001. p.37)

Percebemos neste contexto um certo caráter híbrido no texto no sentido de que ele surge de inúmeras experiências de autores que se propuseram a escrever sobre uma mesma temática e, não sendo de forma proposital, obtiveram versões ou visões diferentes de uma mesma temática. A tecnologia pode ser uma das fortes aliadas nos dias atuais para o caráter híbrido de qualquer texto, mas o ser humano e suas relações socioculturais é um dos fatores de maior peso para a construção deste caráter, pois como afirma Utuari.

A ideia de hibridismo está ligada ao contexto cultural contemporâneo. O híbrido nasce das situações culturais germinadas por relações sociais e meios de comunicação. As tecnologias trouxeram mais possibilidades de materiais expressivos, mas o que faz nascer uma linguagem é a capacidade dos seres humanos de pensar, o que instiga a vontade de criar sempre. O caminho trilhado pela cultura, principalmente nos ambientes urbanos trouxe uma nova concepção de arte que é produzida ainda de forma artesanal, mas que se expande para os meios tecnológicos. As linguagens artísticas já não podem ser classificadas por números ou grau de importância, são linguagens que se comunicam por muitos meios e vozes. (UTUARI. et al – 2013. p. 84)

Neste sentido é importante mostrar que as manifestações artísticas, culturais e literárias como um todo acompanham o processo de desenvolvimento da humanidade através das tecnologias e que através delas conversam entre si trazendo novos contextos e possibilidades e o teatro, que não poderia ficar de fora, como a exemplo deste espetáculo, traz em si várias linguagens que se comunicam de forma harmônica, com o objetivo de emocionar, informar ou criticar.

 

4.   Referências.

 

 

AULETE, Caldas. Novíssimo Aulete dicionário contemporâneo de língua portuguesa. [organizador Paulo Geiger] Rio de Janeiro: Lexikon, 2011.

 

BAKHTIN, Mikhail Mjkhailovitch. Estética da criação verbal. [tradução feita a partir do francês por Maria Emsantina Galvão G. Pereira revisão da tradução Marina Appenzellerl], 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997. (Coleção Ensino Superior)

 

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Primeiro e segundo ciclos do ensino fundamental (Língua Portuguesa). Secretaria de Educação Fundamental, 3ª Ed. Brasília: MEC/SEF, 2001.

 

COUTINHO, Afrânio. Conceito de literatura brasileira. 3ª ed. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2011.

 

FALCÃO. Sabrina Beffa. Linguagem da internet: do virtual para o não-virtual. Disponível em http://www.fsma.edu.br/esfera/Artigos/Artigo_Sabrina.pdf Acesso em: 15/06/2015.

 

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual. Análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008.

 

MONTE MOR, Walkyria. Linguagem digital e interpretação: perspectivas epistemológicas. Trab. linguist. apl.,  Campinas ,  v. 46, n. 1, jun.  2007 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-18132007000100004&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  18  jan.  2015.

 

OLINTO, Heidun Krieger: SCHØLLHAMMER, Karl Erik. Literatura e Mídia. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio; São Paulo: Loyola, 2002.

 

UTUARI, Solange. et al. Por toda Parte. São Paulo: FTD, 2013.

 

ZANOLI, Maria de Lurdes. A Linguagem no contexto da Globalização. In. Revista Educação, Gestão e Sociedade. Ano 4, nº 13. 2014. Disponível em: www.faceq.edu.br/regs . Acesso em: 12/06/2015.

 

Notas:

 

1 – Trabalho apresentado ao Centro de Estudos Superior Arcanjo Mikael de Arapiraca – CESAMA, em parceria com a Central de Ensino e Aprendizado de Alagoas - CEAP, como requisito final para a obtenção do título de especialista em Língua portuguesa e Literatura. Orientado pelo Prof. Esp. Renilton Soares Ferro.

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Wellington Costa ESCRITO POR Wellington Costa Artista
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