ANÁLISE DO POEMA N.28 DE ARRIETE VILELA
POEMA N. 28
Os meninos de rua
Parecem pardais urbanos:
em ligeiros vôos
acham-se em toda parte,
aproveitam restos de toda sorte.
Tropical
é algazarra de suas vozes,
quando se ajuntam;
seus gestos e jeitos,
de uma graça desavisada,
assustam e comovem.
Atentíssimo dever ser
o anjo da guarda dos meninos de rua,
esses tantos pardais urbanos.
Sendo o texto lírico tem uma maneira de expressar uma visão especial do mundo. O poema analisado mostra uma percepção singular do fato narrado. A poetisa quando afirma que “ os meninos de rua, parecem pardais urbanos: em ligeiros voos...
Demonstra sua percepção subjetiva, contida no poema apresenta uma visão singular da poetisa em relação aos meninos de rua que “assustam e comovem” , ou seja, causa-lhe um particular sentimento aquela realidade exposta no texto que nos faz disposição em fazer refletir tal realidade.
Segundo Hegel (2004:163) “a principal condição para subjetividade lírica consiste, por conseguinte, no fato assumir em si mesma inteiramente o conteúdo real e torná-lo seu. Pois, o poeta lírico autentico vive em si mesmo, apreende as relações segundo sua individualidade poética e dá a conhecer”(...).
A ação contada no poema é real, os meninos, os pardais, porém é captada de forma particular, ou seja, a poetisa torna sua visão ali exposta, tornando o poema analisado essencialmente lírico.
O outro aspecto relevante, é o ritmo dinâmico. Há uma aceleração na segunda estrofe; “ ligeiros voos, acham-se em toda parte, aproveitam, restos de toda sorte”. Percebe-se a alternância do ritmo inicial (lento) , já na segunda a estrofe acompanha o movimento do voos relatados no poema. Uma vez que “ ritmo é condição do poema, e o mesmo é composto de imagem e sentido”.(Otávio1982:82).
O ritmo não é composto só de palavras ou métrica, ele contribui com sentido do poema. Logo, não é um mero acompanhamento e/ou enfeite, mas ele compõe o próprio poema.
Os recursos de linguagens utilizados como metáfora, mudança do sentido da palavra, no poema analisado ocorre metáforas de 1º grau, que segundo COHEN, não ativa o sentido das palavras, pois quando o texto diz: “ os meninos de rua parecem pardais urbano... temos uso da comparação. Embora, o poema é uma metáfora entre meninos de rua e os pardais. Onde a mesma contribui com sentido do poema.
Como podemos observar, o estilo da poetisa em não titular seus poemas, identificando-os numericamente, dando-os características próprias aos seus escritos. O tema do mesmo é de extrema relevância, denunciando através da poesia a vulnerabilidade dos “meninos de rua” ! Se arriscando a toda sorte na luta da sobrevivência diária. Ao mesmo tempo, que comovem- nos , também assustam-nos, causando um sentimento hibrido diante desta desumanidade!
Por conseguinte, o texto é essencialmente poético. Há uma elaboração singular do poema, a intencionalidade na transmissão da mensagem de nos mostrar a agressividade e também a serenidade dos meninos na rua.
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