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A Despedida

Na rua da Paz, uma rua onde seus moradores vivem em comunidade e em zelo pela convivência, vive no final daquela modesta rua, dona Glória, uma senhora professora aposentada, que durante anos de harmonia com todos daquela rua tem sido respeitada, querida e vista como um exemplo de cidadã, uma dama de esmera consideração. É que dona Glória em seus tempos de trabalho como professora alfabetizou ali muitas crianças e jovens e tem cumprido o ofício de uma verdadeira conselheira, consoladora de todos nos momentos difíceis. Sua residência fora muitas vezes o ponto de encontro entre os moradores, os vizinhos para discussões em busca de soluções dos problemas de saneamento básico da rua, e outras causas mais, como também para as comemorações festivas e eventos promovidos pela comunidade.

Chegada a época de sua viuvez, e por seu único filho morar e trabalhar em cidade distante, dona Glória teve que planejar a sua partida para morar com o filho, viver perto do calor e da afeição de seu único filho e parente vivo.

A partir desse episódio, a rua da Paz já não podia ser a mesma, todos comovidos com a emocionante despedida de dona Glória que agora deixava aquela rua, aqueles vizinhos e amigos de longas e longas datas, de histórias, das lutas, das lágrimas choradas, das vitórias conquistadas em prol daquela comunidade. Chega então o dia esperado, a partida, a despedida de dona Glória.

Em frente à sua casa já estava ali aquele caminhão de mudança: com seus móveis, belos jarros de plantas e com flores de várias cores e espécies com seus galhos a bailarem pelo movimentar do caminhão, mas também pelo soprar dos ventos, um cachorrinho e um papagaio falante eram também seus companheiros de viagem, seus bichinhos de estimação. Todos os moradores da rua da Paz se reuniram em frente à sua casa para até a outra ponta da rua, há uns longos e longos metros seguirem em cortejo pela despedida de dona Glória, e assim seguia pela rua da Paz aquele cortejo. Dona Glória mesmo com algumas lágrimas de despedida ainda conseguia abrir aquele sorriso meigo e amável como o de sempre, e assim seguia a pé bem à frente do caminhão da mudança abraçada com alguns vizinhos e outras numerosas pessoas a seguiam atrás, e pelas calçadas outras pessoas a dar com a mão, e ela, a beijar até as crianças e os pequeninos bebês nos colos de suas mães, e dar com as mãos aquele tchau, aquele adeus da partida.

O cortejo seguiu-se por toda a rua, cânticos de despedida eram cantados, palmas e agradecimentos à dona Glória foram momentos emocionantes durante a passagem por aquela longa rua por seus moradores até chegarem na outra ponta, o final do cortejo onde se iniciava a real partida pelas estradas da vida, aquela longa viagem de dona Glória para sua nova morada agora com seu filho.

Naquele momento, todos não podiam ainda adivinhar como seria por lá a nova vida de dona Glória, e sim só o desejo positivo para uma feliz mudança. Mas mesmo diante dessa ocasião e de difícil passagem, os exemplos de vida, os ensinamentos, as experiências de dona Glória ficaram marcadas na rua da Paz para todo o sempre. O sentimento de amor e agradecimento ficou no coração das pessoas daquela nobre rua, e com certeza, as lições de vida que dona Glória deixou.

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Francisco Martins Silva ESCRITO POR Francisco Martins Silva Escritor
Uruçuí - PI

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