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Piso friim

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Foi na minha casa e pisô descalço no meu piso fresco; num era assoalho não, era chão friim. Sentiu o piso friim! À primeira vista inté fiquei alegre de verdade [rsrsrs] porque pensei sô: bom, pelo menos o piso tá friim pro pé dele acomodá. Fiquei alegre! Olhei de relance, tipo quando a gente vê uma vazia de torresmo, num sabe? Então! eu ví um crarão pu'rriba do seu pé. Tornei a pensar: gostô!. Uai... tirô a precata e alisô o piso com aquele pé; sinal que agradô. Em seguida fiz pra ele um cafezim. Pensei: ele merece! Ficô bom não! Craro, que fiz um café pra ele uai. Agora, se têm um negoço que nóis num pode isquecê é porque pé descalço, precata briosa, piso friim e cafezim passado na hora como falô o minêro, é bom dimais uai. Inté pensei que dalípra'diante a história ia sê deferente, mas num foi assim não. Procupei! Cossei a testa ca unha. Bom! Ôtra vez tomô café comigo. Isso dias mais dispois; uma ôtra vez quando o pasto tava ruim; sequim [inté dispois me pediu uns caco de cúia pra pagar uns troço e eu rrumei pra ele]. Mas dessa vez num ficô descalço não; prifiriu mantê a postura [êta palavra difici de falá]. Craro, homem importante não pode fugí às regras [ôta difici]. Ah... bom! Pensei: deve sê só por agora. Nada sô! - aquilo foi só pra impressioná; hipocrisia [êta] purinha. Dispois passô os dia e viero ôtos dia e mais ôtos e... sumiu! O danado sumiu! Fiquei só. Só pensano: será? Ah...uai! tratei tão bem. Inté tirô a precata e pisô no meu piso friim e inté gostô! Dispois disso eu fiz mais, e mais, e mais ainda, e ainda mais; foi um tanto. Judei ele um tanto. Fiz até num querê mais. Tanto que inté nem lembro de quanto. Só sei de uma coisa: sumiu! Num ligô, num perguntô, num importô, nem comigo falô. Montô no pôrco e sumiu.Sumiu e nunca mais voltô! Fiquei sabeno que virô otoridade! Num pisa mais no meu piso friim. A precata num sai mais do pé. É como falô Cora (do papagaio):"quando precisô, tirô. Hoje inté num pricisa mais, porque otoridade virô, e é por isso quê'le ti dexô Izé, e num voltô". Virô...! Literatura é isso sô. A gente escreve até o que num pensô.

A poesia tá na alma do poeta que poetisô.

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Iraldir Fagundes ESCRITO POR Iraldir Fagundes Escritor
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