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OUTRAS FACES DE UM MESMO EU - Tchello d'Barros

OUTRAS FACES DE UM MESMO EU
Tchello d’Barros

 

Lamento informar que hoje não teremos aqui a costumeira crônica do Sr. Tchello, pois este encontra-se em viagem - talvez astral - e não se sabe quando o mesmo retornará. Digita este texto o 6.º clone do autor, de uma série de meia-dúzia, e vou me limitar a transcrever o relatório diário das atividades de meus idênticos confrades.

“Caro Don Tchello, em nome de nossos seis sósias, reitero nossos votos de um proveitoso périplo, embora consideremos um pouco absurda sua ida ao Distrito Federal. Essa idéia de pintar o Palácio do Planalto de verde pode ser um pouco perigosa. E talvez isso não se justifique como protesto pelo pouco apoio que o governo dá para a cultura. Ademais, com o apoio que os artistas têm recebido, não espere mais que Fama Zero!

Mas vamos ao nosso relatório: Nosso confrade n.º1 está envolvido com as atividades triviais do cotidiano. Sabe como é, trabalhando, pagando contas, serviço de bancos, cursinhos, enfim, cuidando dessas chatices da vida moderna, que inclusive geraram essa falta de tempo pela qual nos multiplicamos em 7 para poder dar conta do recado. Ele foi visto ao meio-dia almoçando no restaurante Tunga, em animada discussão com outros livre-pensadores. No momento lê “Viagens de Gulliver,” do Jonathan Swift.

Nosso irmão n.º 2 ficou responsável pela parte cultural. Está lá atendendo na exposição “Anatomia de Vênus”, aquela que os falso-moralistas tentaram censurar só porque o tema é a figura feminina. Nas horas vagas ele revisa os textos do novo livro, o das viagens pela América do Sul e em especial o capítulo que fala da peregrinação do Caminho Inca e Machu Picchu. Disse que à noite estará participando de uma tal de Tertúlia, uma espécie de sessão de declamação de poemas na Sociedade Escritores de Blumenau.

O sósia n.º 3 ficou com a parte lúdica na divisão das tarefas. Passeia pela rua XV de novembro, aprecia o pôr-do-sol no Biergartem, saboreia as iguarias dos cafés coloniais, visita a biblioteca pública e o teatro. O moço anda ultimamente fotografando as flores da cidade, com destaque especial aos Hibyscus. Parece que a próxima etapa dessa documentação fotográfica será atrás dos morros que circundam o centro da cidade, já que o atual prefeito disse para o Ziraldo que essa cidade não tem favelas.

Já o duplo n.º 4 está cuidando da parte filantrópica, envolvido com a Câmara Júnior de Blumenau, em projetos comunitários. Relatou que está impressionado com o grau de companheirismo e verdadeira amizade que os membros da organização desenvolvem entre si. Coisa rara nesses dias de amizade por interesse.

Nosso clone n.º 5 está em idílio amoroso com nossa amada. Recluso, nem dá notícias. Inclusive isso causou um quiproquó entre os clones, pois todos queriam essa missão. Mas sabes que nosso esquema é de revezamento...

Quanto a mim, companheiro, além dos encargos da transcrição desse relatório, estou providenciando uma nova série de clones pois nem assim estamos dando conta, já que nos dias de hoje tudo urge, tudo é pra já, tudo é pra ontem”.

 
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