Praia da Avenida
Aqui, do alto da minha janela
descanso meus olhos, fascinada
vislumbro um belíssimo quadro,
pintado pelo Criador,
descortinando-se exuberante, sem pudor
exibindo-me um mar de águas mansas
de um intenso azul degradê
no qual desliza um solitário barquinho
Saudosa Praia da Avenida
- lindo postal de Maceió -
de meus gloriosos tempos idos
de minha inocência perdida
de tantas travessuras…
brancas brumas te margeavam
Tantos corpos nobres e faceiros
regozijaram-se em tuas límpidas águas
respeitando tuas “bacias” e redemoinhos
e o meu, ainda, tão pequenino
corria livre rasgando as cortinas de vento
Saudoso “Castelinho”
ornado por centenárias amendoeiras
palco de tantos burburinhos
de prosas ecléticas e descompromissadas
Suspiro…
foge-me a inspiração para te versejar
desperto das minhas lembranças
vendo corpos famintos
desgrenhados, prostituídos
perambulando sem destino
Saudosa Praia da Avenida
brancas brumas já não há
a nefasta insanidade dos homens as poluiu
meus filhos, em tuas águas
não se podem banhar
Daqui do alto da janela…
nesse abrupto despertar
degluto a saliva
ai que vontade de chorar!
Simone Moura e Mendes
(Poesia do livro Eu mesma... nua)
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