Por que nada pode continuar igual?

Os dias passam, as pessoas mudam. Os sentimentos mudam. Até mesmo a natureza demonstra sua mutabilidade através das estações. E me pergunto por quê? Por que nada pode continuar igual? 

Pergunto-me também por onde andará você? E o que será feito do nosso futuro agora que ele virou passado? Dói saber que não sou eu quem acordará ao seu lado e tentará animar seu mau humor pela amanhã. Machuca saber que não será eu quem te consolará após você ter acordado tarde da noite por causa de um pesadelo.

Será que existe alguém? Será que outro ocupa meu lugar? Será que você precisa de alguém para ocupar o lugar ao lado na cama? Não sei. Não sei nem mesmo se há alguém. E é justamente isso que me aflige:  não saber como voltar ao passado. Não saber ao menos se é isso que eu quero.

Eu mudei. Sinto por dentro a mudança. Vejo por fora a mudança. Assim como vejo o quanto as coisas mudaram desde que nos separamos. Até mesmo a estação é outra. Conhecemo-nos no verão e nos afastamos no inverno. Que clichê.

Ontem passei pelo mesmo restaurante onde costumávamos tomar o café da manhã juntos e nem mesmo ele está igual. Os donos venderam. Hoje quem o frequenta são executivos frios e apressados, bem diferente dos jovens despreocupados e apaixonados que por lá lanchavam.

Eu sinto falta disso.

Sinto falta daquele jovem cuja única ambição era ser feliz. Sinto falta daquela menina que reclamava dos pais e prometia que na primeira oportunidade iria fugir comigo. Por onde andam?

Hoje eu olho para esse homem: sem família, sem amor, sem ninguém. Não tem um dia que eu não pense no passado e imagine o quanto meu presente poderia ter sido diferente. Será que ao invés desse apartamento vazio, eu não teria um lar? Ao invés de colegas de escritório, quem sabe não teria filhos?

As perguntas se recusam a parar de surgir na minha mente. O presente se recusa a mudar. E eu me recuso a parar de pensar em você e no futuro que poderíamos ter.