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ANILDA NA CONTRAMÃO DA MODERNIDADE: Uma leitura crítica do livro Eu em Trânsito, de Anilda Leão

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Ricardo Maia

 

          No livro de memórias, intitulado Eu em Trânsito (Gráfica Graciliano Ramos, 2003), os pensamentos de Anilda Leão (1923-2012) são tão singelos que talvez se equiparem à sua “pintura primitivista”. Por isso mesmo suas representações literárias são repletas daquela “simplicidade” ― como reconhece a própria Anilda ― “de contar histórias nuas e cruas, sem ferir, contudo, a suscetibilidade de ninguém.” Daí o conhecimento comum derivado de tais “histórias” que nos informam sobre a vida, supostamente desimportante, que esta “rebelde” alagoana construíra ao longo dos seus oitenta e oito anos de existência: “[...] simplicidade [...] é ainda hoje a minha característica. [...] nunca fiz nada de importante na vida.” Autoreferência esta que, no entanto, é logo desconstruída numa primeira leitura das 245 páginas memorialistas desta “polivalente” artista local.

          Sem se considerar “uma escritora de escol como tantas que temos no Estado” de Alagoas, Anilda Leão diz contentar-se apenas com o tríplice objetivo em seu projeto literário: “[...] delatar, gritar e acusar sempre que for preciso. Ainda mesmo que seja processada mais uma vez.” Daí a dimensão micro, mini ou subpolítica de seus autoposicionamentos no espaço sócio-histórico. Uma dimensão que se configura para ela, simbolicamente, como sendo um “púlpito”: “Não quero tribunas de assembléias ou câmaras, enquanto eu tiver um cantinho de jornal para escrever”, diz Anilda. Ofício, ou melhor, “missão” que ela cumpriu até o fim “pensando nas pessoas simples e não nos críticos” como seu público-alvo.

          Acumulando em Alagoas, ao longo de décadas, um valioso capital cultural (e social), angariado em vários campos da criatividade artística (teatro, cinema, música, pintura, literatura e televisão [sem falar de sua atuação no jornalismo cultural alagoano]), a suposta “simplicidade” ou desimportancia de Anilda Leão, como criadora, era depreendida por ela própria do fato dela acreditar que deixara “pelo caminho vocações e talentos” desistindo de “ter dado continuidade aos exercícios” criativos. Portanto, de não ter reforçado em si sua “potencialidade” inventiva em arte: “Repensando o que aconteceu em relação aos meus estudos, sinto como se algo tivesse me desestimulado”, diz ela se auto-representando, inclusive, como “uma alagoana perdida nos seus sonhos.” E, ressentida, complementa desabafando: “Apesar de todo o meu trabalho pela cultura no Estado, muitas vezes dando os meus recitais de canto, fui aposentada compulsoriamente, percebendo um salário mínimo.”

Filha de Joaquim Leão, um médio comerciante e político prestigiado na Maceió dos anos 1940 e 50, Anilda Leão foi uma típica representante da pequena burguesia alagoana: “[...] logo entendi que onde estavam as mocinhas bem comportadas da alta sociedade alagoana não haveria mal que eu, filha da classe média, também estudasse ali [no Liceu Alagoano].” Por isso sua eterna ambivalência (“Parece-me que possuo duas almas”), seus constantes pensamentos dicotômicos e seus posicionamentos sempre de entremeio: “Ah, como sempre desejei ter uma casa defronte ao mar, enchendo meus pulmões com aquele cheirinho de sargaço e ouvindo o som das ondas me embalando o sono. Sempre tive pelo mar uma fascinação de atração e medo. Sempre corri para ele e sempre fugi dele”, escreveria ela achando que pensava “de modo diferente” ― isto é, “nem tanto e nem tão pouco” ― do pensamento da classe social a qual pertencia...

          Em Eu em Trânsito, a sociedade alagoana “de então” é descrita, por Anilda Leão, como “preconceituosa” e “cheia de contradições, onde quase ninguém pratica os princípios que defende e os proclama apenas teoricamente.” Uma descrição decerto crítica, mas talvez não autocrítica.[1] Pois apesar desta mulher-plural e “rebelde” ser uma feminista, uma amiga-consoladora de gays e “mães malditas” (isto é, mães solteiras expulsas da casa dos pais) ― uma jovem Anilda, em nível simbólico, parecia ser muito pouco politicamente correta no seguinte momento de sua história de vida: “Durante o passeio estávamos sentados numa pedra enorme a conversar, eu, Moliterno, minha irmã, Alves Mata e Sílvio Macedo, quando uma ave, não sei se um pombo ou gaivota, passou voando sobre nós, deixando cair exatamente no meu colo uma pena branca. Moliterno perguntou, sorrindo: ‘Será que dá sorte ou azar?’. Ao que respondi que se fosse pena de urubu daria azar mas como era de uma ave branca certamente traria sorte. E rimos todos enquanto eu guardava a pena branca na minha bolsa.”

          Vale notar aqui que este episódio, representado literariamente no poema “A Pena Branca”, publicado no livro Chão de Pedras (1961), ocorreu “no ano de 1952” num “intinerário sentimental” de Jorge de Lima, quando este poeta retornava a Alagoas, sua terra natal. O passeio pelas lagoas Mundaú e Manguaba, compartilhado por Anilda e outros admiradores e admiradoras do grande poeta palmarino, marcaria o primeiro contato imediato entre ela e Carlos Moliterno ― seu “poeta da Ilha”, eternamente amado, a quem ela dedicaria o referido poema. Essa primeira interação direta com Moliterno se configuraria, para a romântica e apaixonada Anilda, numa espécie de encontro divino. Um encontro tão definitivo que ela reconheceria assim, anos mais tarde, sua qualidade sobrehumana: “Não fora ele humano como os demais humanos. [...] Não por ter sido ele um gênio, mas por um conjunto de atitudes e comportamentos que o fez se diferenciar dos demais mortais.”

          Ora: numa sociedade racializada e de fato “preconceituosa”, como era e é a alagoana, uma tal representação dicotômica (“pena branca”/“pena de urubu”) torna-se ainda hoje tão significativa quanto sintomática de um espaço social legitimadamente eurocêntrico e colonial. Portanto, dividido entre humanos negros e brancos, motivando por isso, em seus atores sociais, processos de distinção propriamente cultural aos quais a “sensibilidade” e o “lado poético” de Anilda Leão ― à época numa etapa inicial de seu processo de formação intelectual ― não deixariam de ser influenciados: “Nossa trajetória está inscrita em nós mesmos. Viver hoje é dar continuidade ao ontem, assim como terá continuidade no amanhã.” Portanto: “O que tem de acontecer acontece, estava escrito! [...] estava assim traçado, afinal tudo nesta minha vida tinha de ser diferente das demais vidas”, escreveria ela. Esta mesma noção, aliás, Anilda aplicava também, como vimos acima, à vida do poeta Carlos Moliterno, que se tornara seu companheiro de longa data e pai de seus dois filhos: Carlos e Luciana.

          Esta obstinação em distinguir-se, isto é, de “ser diferente das demais vidas”, já era perceptível, em Anilda Leão, desde a sua infância na cena familiar: “Por que Deus me fez nascer naquela família se eu era tão diferente?” Se questionava a futura criativa alagoana das artes sobre o seu “jeito de ser”. Ela assevera ainda que, nessa fase de seu desenvolvimento, “achava-se assim como aquele patinho feio da história. [...] A tudo isso juntavam-se as emoções do isolamento de minhas irmãs. Era como se eu fosse um objeto estranho dentro daquela família.” E conclui: “[...] creio piamente que era justamente por esse modo de ser que eu era alijada e olhada como um bicho raro, uma ave perdida naquele ninho tão comportado.”

          Apesar dos livros que leu, escreveu e publicou, o intelectualismo livresco (ou teórico) nunca foi a tônica de Anilda Leão. Para ela, o “homem conceitual” era aquele “que na verdade não se identifica com ninguém.” Multifacetada em sua hiperatividade criativa, ela vivia, intensamente, transitando entre percursos agitados e itinerários sentimentais no campo social da arte em Alagoas: “O livro que tento ler não tem sentido dentro de uma noite vazia. Não comunica mesmo. Não dá. Enfastia-me. Inquieto-me, pois sinto que o amanhã já chegou.” Pois como ela própria ainda confessa analisando, de modo comparativo, sua relação com o poeta insulado: “Moliterno tinha muita coisa parecida comigo: seu temperamento alegre, facilidade de conquistar amigos, gosto pelas artes de modo geral. Só não combinávamos bem no gosto que ele tinha pelo uísque e também não lhe absorvi o prazer de devorar livros.” E registrando “uma certa fragilidade diante do mundo”, percebida por ela neste poeta alagoano, a memorialista, em sua análise comparativa, acrescenta: “Muitas vezes senti-me distanciada dele pela maneira realista com que eu enfrentava os problemas que surgiam dentro da família: os mais comuns e os mais complexos. E enquanto ele colocava a cabeça debaixo da areia, como fazem os avestruzes, passava para mim as iniciativas e as soluções.”

          Naturalista e naturalizadora da história, Anilda Leão acreditava piamente numa “essência da nossa personalidade”. Ou seja, numa “índole” que tornava sua “personalidade intacta” apesar dos “muitos sofrimentos, lágrimas, incompreensões” vivenciadas por ela. Sendo assim, sob a égide de Allan Kardec, Anilda acreditava também que as “virtudes” ― da piedade e da comiseração pelos desvalidos, por exemplo ― já nasceram com ela. Esse essencialismo era constantemente reforçado numa jovem Anilda pelo pai, também um kardecista, que lhe “dizia sempre” ter ela “o micróbio da política no sangue”. Tal atitude paterna visava convencê-la de entrar para a política, mas ela mostrava-se sempre relutante contra tal propósito dizendo a ele: “Quero não, pai, entrar nessa. Além do mais, você perdeu a saúde. Ficou com o nome respeitado, é certo, mas pensando bem, vou lutar pelo meu País, pelo povo sofrido, de outro modo. Do meu jeito. O micróbio da política que herdei de você vai agir de maneira diferente. Quero entrar na sua não, pai...”

          Mas o “roldão dos tempos” históricos, aliado à observação do comportamento social/epocal e às introspecções geradoras de conhecimento dialético, que então produzia uma Anilda já não mais na contramão da modernidade (“eu sinto que, aos poucos, o que sou já não mais será”), a despertaria cinematograficamente deste seu sono essencialista. E tudo isso graças à programação retrô da TV... Um sono, portanto, antidialético que na certa a fazia sonhar todas as noites os mesmos sonhos de “temática imutável” de Carlos Moliterno: “Outro dia assisti, pela televisão, ao filme ‘Casablanca’, com Humphrey Bogard e Ingrid Bergman. Um clássico, sucesso na década de 50. Revi também ‘E O Vento Levou’, com Clark Gable e Vivian Leigh, outro belo filme. Engraçado como as minhas emoções mudaram. Ambos, se bem que ainda mexessem com a minha sensibilidade, não me despertaram aquela emoção de tempos passados. Preocupou-me isso.”

          Essa preocupação era na certa decorrente do vitalismo juventudista que Anilda Leão cultivara, ao longo da própria vida (“convivo muito com gente jovem”), e que, naturalmente, já havia chagado ao fim de seus dias. Daí a trágica constatação diante da transitoridade das coisas deste “mundo absurdo”, e, portanto, da finitude humana: “Tudo acabou. Que pena que as coisas aconteçam assim. Começo e fim. Nascimento e morte. Verificamos que há sempre um despertar para cada sonho e que a felicidade de certos momentos nos dá a certeza de que tudo é transitório na vida.” Neste caso, a ideia kardecista da vida após a morte, que pode ser seguida de vários retornos reencarnatórios à condição humana no planeta Terra, parece funcionar, para uma Anida profundamente espiritista, como um dispositivo produtor de esperança ― e/ou um bálsamo rejuvenescedor ― que a fazia acreditar com toda fé, diante da proximidade natural da partida, superando o medo e o desespero: “[...] a morte não interrompe a vida, pois cada existência no plano físico é um estágio, entre muitas centenas delas, que o espírito faz no curso da vida eterna. [...] Bendita, portanto, a reencarnação. O princípio da reencarnação é uma conquista necessária da lei do progresso.”

A esse vitalismo juventudista, em Anilda Leão, decerto se aplica a noção crítica ― e infantilizadora da inteligentzia ― de que “Os ‘intelectuais’ (mesmo aqueles que merecem esse nome sem aspas) são como crianças grandes”... (LAHIRE, 2012, p. 25). Pois como mesmo a memorialista alagoana confessa: “[...] eu amo a vida. Sinto-me criança diante da vida. Brinco com as crianças como se uma delas fosse.” Sentimento este, aliás, que ela também reconhece em Carlos Moliterno, fundamentada, inclusive, no conhecimento que produzira sobre ele o poeta Mauro Motta. Pois como escreveu este pernambucano das letras: “Um sentimento inesgotável de volta à infância assinala a natureza humana e a natureza poética de Carlos Moliterno”. (MOTTA citado por LEÃO, 2003, p. 117)

          Neste ponto é interessante notar que a infância e a juventude de Anilda Leão transcorram entre a cidade e o campo. O campo, enquanto um espécie de “lugar onírico” de sua memória, se configura, portanto, como um “paraíso”... Mas, também, como um Éden “perdido” e destroçado depois da queda: “[...] só nas terras onde meu pai nasceu é que eu me sentia como se estivesse vivendo num paraíso. As escadarias da casa grande já não existem mais. Muito menos o portão de madeira talhada. Em que abandono deixaram ficar aquele casarão bonito que abrigou a minha meninice e adolescência e onde eu passava as férias de São João e Natal?” E complementa: [...] no Sítio Velho [do teatrólogo Braúlio Leite Jr.] eu volto a me sentir no paraíso perdido da minha infância.”

          Até o fim da vida de Anilda Leão, esse eterno devir-criança (“a infância perdura na minha alma”) assim contextualizado estruturou e situou sua subjetividade romântica na contramão da modernidade. Ou melhor, de “certas modernidades”... Modernidades estas que, “sem dúvida alguma” ― como confessaria esta memorialista alagoana, sempre tirando “uma média nisso tudo” ― mexiam com seu “senso artístico” e sua “sensibilidade”. Daí a “leoa” reagir surpreendida aos que ainda a idealizavam e lhe atribuíam, equivocadamente, o adjetivo de polêmica: “Eu, polêmica?”[2] Uma reação motivada, na certa, pela percepção de “outros comportamentos” na sociedade de hoje que até lhe davam medo fazendo-a, apreensiva, questionar: “Onde andarão as belezas e o romantismo desse tempo?”

          Na sociedade atual, descrita por Anilda Leão (2003, p. 62) ― uma “leoa”-menina sempre agarrada à barra da calça e da saia do poder direitista em Alagoas ― ela nota o “desespero do homem” no contexto da modernidade com suas lutas desiguais, “pela sobrevivência”, envolvendo governos e classes sociais. Um desespero, segundo ela ainda, motivado pela sua “desmedida sede de ouro e prazer.” Fato psicossocial este que a “rebelde” Anilda, silenciando-se deliberadamente sobre as questões político-econômicas “nesse mundo tão desigual”, atribui “sem dúvida”, por seu simplismo filosófico característico, “a causa principal desse amoralismo da nossa época.” Amoralismo esse, aliás, que era e ainda é, para uma velha e republicana Alagoas, correlato ao da diversificada e carinhosa “comunidade” de marginalizados em que vivia a “leoa” Anilda. Mas, para ela: “[...] amigos ao meu redor, gente de vários credos, pobres ou ricas, meninos de rua ou do lixão, drogados e homossexuais, artistas, poetas e gente do teatro.” Todos estes, outridades subjetivas incorporadas por seu mundanismo estratégico de românica típica que a fazia associar, como Nelson Rodrigues (1977), o poeta à meretriz.[3] Na certa, para encarar o mito da prostituição visando a reinvenção poética da humanidade. Principalmente da que habita o “mundinho” alagoano... Pois como escreveria uma “polêmica” Anilda, em seu livro Poemas Marcados (1978): “Vou abrir as pernas para o mundo / nove meses mais tarde parirei a humanidade”. E dizendo mais, desta feita em suas memórias, complementaria: “Sempre quis ser eu mesma, e o meu mundo sempre se estendia para além dos domínios domésticos.”

          Não é por acaso que a personagem Clarabela (de Ariano Suassuna em A Farsa da Boa Preguiça) ― sendo mediunicamente interpretada por Anilda Leão na montagem adaptada de Bossa Nordeste, em 1966 ― ilustra tão bem a capa de seu Eu em Trânsito. Mas o faz se contrapondo à outra Anilda, que, na contracapa do referido livro, se apresenta mais amadurecida e recatada vestindo rendas e brocados. Ora, ao que tudo indica, a persona sexual de Clarabela ajuda a memorialista alagoana a fixar, desse modo, uma imagem de “mulher liberada” através da qual Anilda sempre foi reconhecida e se identificou. Aliás, uma mulher com “excessiva liberdade de pensamentos e de ações”. Tanto assim que, numa Alagoas quietista e reacionária de tempos atrás, suas “idéias” simples e românticas “eram tidas como revolucionárias”. Pois sempre a faziam insurgir-se “contra regras e proibições. Contra tabus e preconceitos”.

          Talvez num estudo mais acurado da vida-e-obra de Anilda Leão se possa testar a mesma hipótese que o sociólogo Sergio Miceli testou em sua pesquisa sobre os intelectuais pré-modernistas (Manoel Bandeira, Lima Barreto e Humberto de Campos), também chamados “anatolianos” (numa referência ao escritor francês Anatole France). Neste famoso estudo, intitulado Intelectuais e Classe Dirigente no Brasil (1920-1945), Miceli defende uma tese na qual, segundo Brian di Assis Requena (2012, p. 46), ele “propunha um método inovador ao avaliar as obras dos intelectuais brasileiros sob a interface das trajetórias materiais e origens sociais dentro de suas próprias produções.” A hipótese de Miceli previa o seguinte: não estando ainda o mercado editorial brasileiro totalmente estabelecido, uma parcela significativa desses anatolianos, que era vinda de setores empobrecidos da oligarquia, usava a literatura como uma das poucas opções encontradas por eles para se aproximar das elites dirigentes e, desse modo, evitar o rebaixamento social. (REQUENA, 2012, p. 46)

          Se tal hipótese for aplicada ao caso de Anilda Leão ― realmente uma alagoana plural, como indica a diversidade de papéis sociais que desempenhou ao longo de sua trajetória (“Escritora, poeta, cantora, atriz, declamadora, contestadora, militante, mulher de luta, mãe de família, socialista libertária, espírita praticante e incansável divulgadora da arte e da cultura”[4]) ―, na certa se verá também que a feminilização do seu sobrenome paterno, para representá-la in memoriam como uma “leoa”[5], é, sem sombra de dúvida, bem menos pertinente que imaginá-la como CAMALEOA...

 

 

REFERÊNCIAS

GAZETA DE ALAGOAS. Maceió, 3 de mar. 2012. Caderno Saber, p. 1.

LAHIRE, Bernard. “Intelectuais são como crianças”. Revista Cult, São Paulo-SP, ano 15, n. 166, p. 25-31, mar. 2012. Entrevista concedida a Marcos Flamínio Peres.

LEÃO, Anilda. Eu em trânsito. 1ª ed. Maceió: Gráfica Graciliano Ramos, 2003.

LEÃO, Anilda. Eu, polêmica? Gazeta de Alagoas. Maceió, 28 out. 2007. Caderno B, p. B-1, B-2, B-3, B-5 e B-7. Entrevista concedida à Janayna Ávila.

LEÃO, Anilda. Poemas marcados. 1ª ed. Maceió: Sergasa, 1978.

LÖWY, Michael; SAYRE, Robert. Revolta e melancolia: o romantismo na contramão da modernidade. Petrópolis: Vozes, 1995.

REQUENA, Brian di Assis. Bourdieu sou eu (ou quase). Revista Cult, São Paulo-SP, ano 15, n. 166, p. 25-31, mar. 2012.

RODRIGUES, Nelson. Vestido de noiva. Abril Cultura: 1977. Coleção Teatro Vivo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



[1] Retrucando verborragicamente a essa nossa inferência crítica, na página 151 de seu Eu em Trânsito, Anilda Leão (2003, p. 151) diz: “Autocrítica é bom. Eu e minha consciência sabemos disso, mas neste mundo em que vivemos ninguém é perfeito. Para que simular uma coisa que não sou? Todos nós temos que nos conscientizar das nossas próprias limitações. Aqueles que estão amarrados, atados, às suas perfeições, sempre achando que fazem tudo melhor que os outros, terminam por se considerar, eles próprios, imperfeitos. Ou será o contrário? O que é necessário é que cada qual calcule as suas limitações. Sou errada até hoje, mas felizmente alguns erros que cometi no passado ― se é que foram erros ― já hoje não mais os repito. Mesmo sendo, muitos deles, hoje fatos amplamente aceitos.”

[2] Cf. Gazeta de Alagoas. Maceió, 28 out. 2007. Caderno B, p. B-1. Entrevista concedida à Janayna Ávila.

 

[3] Cf. este dramaturgo, em dito polêmico e essencialista, citado na introdução ao texto da peça Vestido de Noiva, e publicado na Coleção Teatro Vivo da editora Abril cultural, 1977, p. XVIII.

[4] Cf. texto da capa do Caderno Saber no jornal Gazeta de Alagoas de 03/03/2012.

[5] Ibidem. Esta representação é, na verdade, uma autorepresentação produzida pela própria Anilda Leão (2003, p. 216) em seu livro de memórias aqui resenhado. O trecho no qual tal imagem de si se encontra é o seguinte: “Quem tem olhos para ver, que veja; quem tem coração pra sentir, que sinta; quem tem alma para agradecer, que agradeça. Que tenha em si a força da leoa que sei trazer comigo.” 

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Ricardo Maia ESCRITO POR Ricardo Maia Escritor
Maceió - AL

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Comentários

Elisabeth Wolbeck
Elisabeth Wolbeck

Puxa! você não escreve pouco,hein? Tem que ter muito tempo pra isso! Porque eu não tenho tanto tempo pra ler o quanto eu queira! Podes escrever um pequeno ,só uma vez? Eu não mereço? Sei que você vai pensar: Quem não merece sou eu,um pedido desses! Ah! vai...qual ééé...não consegue? duvido disso! e só prosas? nunca fazes uma poesia? Se tiver alguma, manda que eu vou adorar ler...uma curtinha! rsrsrs Valeu Ricardo Maia! abraços!