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A História de Todo Mundo

La storia della mia vita

(...) Mas toda vez que eu procuro uma saída
Acabo entrando sem querer na tua vida.
Ana Carolina - Quem de nós dois

            Ele encontrava-se perdido, sem saber qual decisão tomar. Ele precisava de uma luz para iluminar seu caminho... Precisava se encontrar. Para ele a vida era uma fantasia, tal como, uma miragem no deserto, e que, portanto, merecia ser vivida intensamente.  
            Ela era centrada demais, perfeccionista ao extremo, obcecada por fazer tudo certo, se preocupava com tudo e com nada. Tinha medo de desviar do caminho que estava seguindo, fazia de tudo para não se decepcionar. Ela precisava de alguém que a fizesse perder o controle, se soltar.
            Ele era alguém por quem ela não se apaixonaria nunca, ela era alguém de quem ele precisava para continuar. E, talvez, se não fosse o destino, não se encontrariam jamais. 

            Ela entrou, passou por ele, e não o viu. Sorriu para o professor e sentou-se ao lado dele.
           
Ele a notou assim que a viu chegar. Observou-a entrar e sentar-se ao seu lado.
Ele a olhou e se perguntou: quem ela era? E de onde irradiava essa luz? Estava dentro dela?

            Ele tentou puxar conversa, ela pediu silêncio.
            Ele tentou fazê-la rir, ela se calou. Ele tentou impressioná-la, ele nem ligou.
            A aula terminou.
            Ele se despediu, ela sorriu e nem ao menos disse tchau.
            Ela saiu.
            Ele foi atrás.
            Não conseguiu alcançá-la.
            Deixou que ela partisse sem saber quem era.
            Mas a vontade de ver de novo a garota não o deixava em paz.
            E foi assim que ele compreendeu a solidão: nós nascemos, vivemos e permanecemos sozinhos até sentirmos a falta de outro alguém… Até sentirmos a vida incompleta ou até que estamos frente a frente com nosso amor.
            Ele descobriu que era ELA quem o completava, que o preenchia por completo e que se encaixava nos espaços que faltava.

            Ela também se perguntou quem ele era e porque insistia em tentar perfurar a bolha que ela havia construído em volta dela.
            A semana passou.
            Do lado dele, ela não voltou a se sentar.
            Ela não o olhava, ela não sorria, ela não queria enxergar que era amor o que começava a sentir.
            Ele percebeu no momento em que ela mudou. Ela não conversava, ela fugia dele. Ela não queria sentir o que ele sabia ser impossível de controlar.
            Ela não via aquilo como amor.
            Ele decidiu que iria fazê-la se apaixonar.

            A aula terminou.
            Ela partiu, ele foi atrás. Ele não iria deixá-la jamais.
            Ela correu, ele a alcançou.
            Ele pediu para conversarem. Ela não deixou.
            Ele implorou uma chance, ela nem ligou.
            Ela fugiu, ele a segurou.
            Ele a olhou, ela sentiu.
            Ele a beijou, ela não resistiu.
            Ele se declarou.
            Ela correspondeu.

            Ela sabia que amar era complicado.

            Ele já havia amado.           
            Mas nunca algo foi tão certo, tão intenso, tão fácil e tão profundo como o amor que ambos sentiam.

            A semana passou.
            Outra começou.
            Houve o reencontro.

            As descobertas, as novas sensações, as promessas, as realizações.
            Semanas viravam horas, meses se transformaram em segundos, anos se tornavam dias, e o amor dos dois se tornava único e incomum. Por fim, o inevitável: as promessas se tornaram planos e os planos começaram a se concretizar.
            Enfim, o amor dos dois se realizou.
            Ele aprendeu a sonhar e ela, a amar.
            Ele construiu um palácio de cristal no mundo em que ninguém poderia entrar. Os dias passavam sem que nada interferisse, sem que nada perturbasse a paz que reinava lá.
            Mas a perfeição não durou muito. O amor e a perfeição não combinam. E como tudo que é bom, dura pouco e não acaba cedo, os problemas surgiram: brigas, ciúmes, desentendimentos, pessoas tentando acabar com o relacionamento deles.
            Ele sabia que era o fim ou o recomeço.
            A decisão não podia mais ser adiada.

Ela perguntou como seria o amanhã sem ele.
Ele perguntou como seria acordar sem ela do lado.
E no silêncio não houve resposta.

            Talvez fosse esse o último adeus!
            A terra continuará girando, os passarinhos continuarão cantando, as flores continuarão nascendo e o sol não deixará de surgir pela manhã, só por que o que existiu entre os dois desapareceu.
            Mas será que desapareceu mesmo?


            Ela pensou, ela refletiu, ela imaginou o mundo sem ele, mas não aceitou.
Ele gritou, ele argumentou, ele lutou para não deixar
que a escuridão voltasse para seus dias.

            Ele decidiu. Ela o chamou.
            Ele ficou. Ela o amou.

            Andras mou, ela falou.
            Zoe mou, ele completou.
            E viveram felizes para sempre, pelo menos por enquanto.

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IORGAMA PORCELY ESCRITO POR IORGAMA PORCELY Escritora
São Leopoldo - RS

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