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"ARROS DE SANGUE-SUGA"

"ARROZ COM SANGUE-SUGA”

 

Outra do nosso amigo e folclórico Jarno. Bastava ele saber que alguém estava organizando uma pescaria, pronto, lá estava o homem tentando participar. Como o nosso amigo era conhecido por todos, não demorava a receber o convite. Sempre disposto a ajudar nas lides da pescaria, alegre, exímio contador de piadas, bom cozinheiro, enfim tinha todos os predicados de um bom parceiro para esse tipo de aventura. Chegando o dia partiram todos num jipe preparado para esse fim, mas "baleado" barbaridade, só vendo para crer. Mas a situação precária do veículo não preocupava ninguém, muito menos ao Jarno. Carregaram no jipe mais ferramentas e peças de reposição automotor do que propriamente apetrechos de pescaria. Comida, muito pouco. Levaram sal, arroz, azeite, cachaça e cerveja. Tudo em cima, pra que mais que isso ? Se lá teriam de tudo para comer, a começar pelos peixes que pescariam. Certo ? Errado !!! - A dita pescaria seria no interior de General Câmara. Lá se foram, atravessaram a barca e pé na tábua. A equipe compunha de quatro amigos, o Zé Gordo (dono do Jipe), o Jarno e mais dois amigos do peito. Saíram às quatro horas da tarde, entre muitos risos, piadas e cachaça, aos poucos foram se chegando, coisa e tal. No entardecer, ao atravessar o riacho, o jipe apagou o motor e quem diria... Entre lanternadas, cachaça, risos e palpites no que se referia o defeito do carro, conseguiram resolver o problema lá pelas 10 horas da noite. Chegaram ao local previsto para a pescaria, bem próximo à meia noite, loucos de fome e já meio borrachos (bêbados).

 

O Zé que mandava em tudo, lascou:
 

Jarno !! Tu prepara um rango aí que nós vamos instalar os espinhéis, redes e tudo mais para ver se pegamos algum peixe, certo ?
 

Certo ! - respondeu o novo cozinheiro que fora escalado -
 

 

 

Diz o Jarno - mas só trouxemos arroz !!!

 

 E aí chefia ?
 

Vai isso mesmo, regado à cerveja - retorquiu o Zé -
 

Duas horas mais tarde, já na madrugada...
 

E aí Jarno, que temos para comer ? - indagou faminto um dos parceiros de pescaria -
 

Temos arroz com arroz, feito no capricho - respondeu o cozinheiro -
 

Todos comeram à vontade, sentados em torno do fogo, iluminados somente pela luz da fogueira. Logo depois adormeceram em locais improvisados. Ao amanhecer o dia, foram aquecer o arroz que sobrou do jantar, para comer no café da manhã, já que não haviam pescado nada.

 

Nisso exclamou um dos parceiros: Ué Jarno, tu disseste ontem à noite que não havia carne ! Que era arroz puro !!!  Agora estou vendo aqui na panela um belo arroz de carreteiro ???? - questionou ele -
 

Que carreteiro, gritou espantado o Zé !!??


Fala aí ô ! Nunca comeu arroz de carreteiro ?
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Estranhando toda celeuma, o Jarno foi averiguar de perto. Imaginem só, a suposta carne picada era nada mais, nada menos que centenas de sanguessugas, que vieram juntas na água da granja de arroz, da onde o cozinheiro tirou o líquido que fez o arroz. Na madrugada e muito escuro, aconteceu a grande falha do Jarno. Para finalizar a história, obrigaram o cozinheiro comer todo o resto do arroz de sanguessuga que sobrara, na marra !!!! - Moral da história: A cachaça tem seu poder, tem não, é ?.

 

René Cambraia

 

 

 

 

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RENÉ CAMBRAIA ESCRITO POR RENÉ CAMBRAIA Escritor
Maceió - AL

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