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Texto publicado na Antologia: Lindas Lendas Brasileiras – REBRA – Rede de Escritoras Brasileiras

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Rosinha , Amiga dos Protetores da Mata

                                                                                                                                        Iris Sampaio 

O sertanejo nordestino ainda acredita, de certa maneira, nas lendas criadas pelos seus antepassados. Vários são os personagens desse folclore, como é o caso de Rosinha, moça sonhadora, que vive á espera de um moço para casar e deixar de ser solteirona.

Todo final de tarde, se enfeitava e se perfumava e ficava a olhar os rapazes que voltavam da lida. Dentre eles, havia um jovem vaqueiro, que vivia a tocar o berrante, para chamar a atenção da bela moça. Isso acontecia toda tarde.

Um belo dia, o jovem não apareceu e nem foi ouvido o toque do seu berrante.

Os mais velhos, como é o caso de Dona Sinhá, do alto dos seus oitenta anos, falou para Rosinha que o sumiço do vaqueiro deveu-se o fato de o mesmo ter se embrenhado na mata para capturar um boi valente. E que os habitantes da mata, como a Caipora (anão de cabelos vermelhos), que protege a mata e os animais silvestres, Dona Fulozinha, mulher misteriosa que também protege os animais dos caçadores, e o conhecido Saci Pererê, menino muito travesso, o pegaram.

Rosinha, moça inocente e sem muito conhecimento, acreditou nas histórias de D. Sinhá, que segundo ela, os habitantes da mata capturaram o seu vaqueiro e o prenderam na mata. Para resgatá-lo, ela teria que levar fumo de corda para a Caipora, que adorava fumar, penas, esteiras e cobertores e deixar próximo ao tronco de uma árvore.

Já, a dona Fulozinha gostava de presentes e Rosinha levava para ela todo dia, um prato de ágata com mingau de milho. Um certo dia, de tanto ficar preocupada em encontrar seu amado, colocou por engano pimenta no mingau de D. Fulozinha que ficou muito brava e fez com que Rosinha também se perdesse na mata.

De tanto andar na mata sem saber onde estava, se deparou com o Saci Pererê que começou a brincar com ela e, por confiar nele, se perdeu ainda mais.  De correr desnorteada por não saber onde estava, e de tanto pedir socorro a Deus, foi parar de volta na sua casa.

E, sempre à tarde, ficava na janela, com o olhar perdido a olhar a lua, e escutar vozes dizendo "ficou para titia, ficou no caritó".

Certa noite, a apreciar a lua cheia, resolveu sair à procura de um novo amor, já que o seu vaqueiro nunca mais apareceu e nem se ouviu mais o seu berrante.

Rosinha ficou por tanto tempo à procura de um amor, saindo nas noites de lua cheia, que se perdeu por esse sertão de meu Deus, e nunca mais se ouviu falar dela. Dona Sinhá, em toda lua cheia, sente o perfume de Rosinha e pergunta para si mesma: onde andará Rosinha? Será que encontrou seu amor? ou está vivendo com os moradores da floresta que ela conheceu: Caipora, D. Fulozinha ou Saci Pererê?  

D. Sinhá apesar da idade, conta a estória de Rosinha para os seus netos, todos reunidos em torno do lampião, na sala e, ás vezes, no terreiro sob a luz da lua.

 

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IRIS SAMPAIO ESCRITO POR IRIS SAMPAIO Escritora
Fortaleza - CE

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