FLOR DO MATO AMARELA
A esta flor do mato amarela
- a quem desconheço o nome e o sexo
Dedico as horas de meus olhares convexos
Esta mesma flor que, ao ver-me passar,
Virou-se para mim e acariciou-me os passos..
Tão penosos!
Tão cansados!
De se porem a andar por alamedas estreitas e incolores.
Por esta flor, de gesto delicado e cheiro silvestre
Retrocedo as horas e avanço na aurora de flor.
Flor amarela:
Do mato incompleta,
De olhar aveludado,
Sépalas miúdas,
E pétalas macias
Cujos exalares hão de acompanhar-me
Por entre os pedregulhos desta campina barrenta...
A esta flor semi-nua
Que despiu a flor-íris dos meus olhos
- girassol branco de olhar negro.
Retribuo os olhares das poesias mais florais
E do cálice mais primaveril.
Esta flor angelical de angiospermas fecundos
Que me cobrem de afeto
Mesmo sendo afetada
Por pisaduras de mãos!
A esta flor serei sempre atento
Mesmo quando não mais existir
Pois, para mim, sorriu,
Ensinando-me que os campos
podem ser mais floridos
E os amores menos doloridos...
Dessa flor, pequenina, despeço-mo
Ainda que tenha nas mãos
a ânsia de levá-la comigo
Mas, da flor amarela
Carrego, apenas, as quimeras
E os broquéis de pistilhos
E prossigo...
E prossigo...
Com a memória da flor querida.
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