HISTÓRIA DA MOÇA QUE FEZ PROMESSA PARA CASAR, E DO RAPAZ QUE APANHOU DA NAMORADA
PEÇA INSPIRADA EM CORDÉIS PARA TEATRO DE RUA
GÊNERO: COMÉDIA
CENSURA: 16 anos
PERSONAGENS: Narrador
Rita Monte
Jacinto Ferro
Maria Oferecida
Maria Fisgada
Delegado
Homens e Mulheres
NARRADOR – Boa tarde senhoras e senhores!
Preste muita atenção
Na história da donzela
Que queria se casar
Fez uma promessa pro santo
Um marido lhe arrumar
E como se ademorou
Pra promessa se cumprir
Numa estranha reação
Ela se disisperou
E tentou fazer do santo
Uma farofa de pilão
E também na história do rapaz
Bonito, trabalhador
Mas que não correspondia
Aos chamego das muié
Apanhou de uma delas
Revoltado com o fato
Se arrecolheu no roçado
Prometendo se vingar
RITA MONTE – Ai! Meu santinho querido
Me ajuda por favor
Manda logo esse marido?
Eu tô tão disisperada!
Já me ofereci pr´um batalhão
Ele é dessa região?
Você só faz me olhá!
Não tem nada pra falá?
Santo, santinho meu!
Tô perdendo a paciência
E não me peça clemência
Pois assim, de supetão
Me deu uma vontade louca
De lhe fazer um prensão
E agora, agorinha
Você vai virar farinha,
Paçoquinha de pilão ...
(congela no gesto de jogar o santo no pilão)
NARRADOR – Enquanto isso, bem longe
Lá, em outro lugar
Um rapaz vendia milho
Seu produto principal
Veja o que aconteceu
Espere, não vou contar ...
MARIA OFERECIDA – Oi, seu minino!
Seu milho é bom demais
Será que o dono é igual?
Eu posso inté apostar
(e se esfrega no rapaz)
JACINTO FERRO – (recuando)
Qué isso, dona minina?
Os pessoá tão olhando
Vosmicê em mim se esfregano?
MARIA OFERECIDA – (atacando ainda mais)
E você num tá gostando?
Desse meu esfregamento?
JACINTO FERRO – (todo acanhado)
Num sei! Num sinto nadinha
Nenhum formigamento
MARIA OFERECIDA – (insistindo)
Olha seu mole, seu bobo
E assim, tô melhorando
Seu sangue num tá fervendo?
JACINTO FERRO – (sempre fugindo e Maria Oferecida insistindo)
Não! De jeito nenhum!
Por favor, não faça isso
Meus freguês tão me olhando
Tá todo mundo parado
MARIA OFERECIDA – (com raiva)
Ah! Seu zé molão
Pois vou lhe dar uma surra
Pro povo ficar sabendo
Que você é zé bundão
(e bate muito no rapaz que vai se livrando dos tapas)
NARRADOR – E o coitado do moço
Dela apanhou pra valer
Até as forças perder
Ele, muito envergonhado
Correu feito um disgramado
Em direção do roçado ...
JACINTO FERRO - Isso assim num vai ficar
Preciso arrumar um jeito
Dessas moça me vingar
Já sei! (corre até um local) É aqui
Nesse pedacim de terra
Que vou construir com fé
Um cantinho só pra mim
Pois vai ter muito conforto
Minha casa de sapé
A moça que me tentar
Nem sonha que no sapé
Vou seu catolé quebrá!
NARRADOR – E a partir desse dia
Jacinto se transformou
Sua fama se espalhou
A muié que lhe tentasse
Ele não contava história
Levava lá pro seu ninho
Lhe quebrava o catolé
Dizem que duma só vez
Quebrou o catolé de cinco
Contando assim, bem por alto
São mais de setenta muié
Que ele fez o serviço
De quebrar o catolé
E agora todos querem
Lhe tomar satisfação
HOMENS E MULHERES – (querendo pegar o Jacinto)
HOMEM - Vamos ter que dá um jeito
De pegar esse sujeito
Quebrador de catolé
É uma questão de honra
Ou não me chamo José!
HOMENS E MULHERES - (pegam o Jacinto e levam pra delegacia)
DELEGADO – (conversando à parte)
Seu Jacinto, aqui pra nóis
Vosmicê tem condição?
São mais de setenta muié
Pra vosmicê sustentá
E também pagá pensão!
JACINTO FERRO – (sorrindo cinicamente)
Qual nada seu Delegado
Os fios dessas danadas
Os pai dela vai criar
DELEGADO – Só lhe resta uma saída
Um conselho vou lhe dar
Fuja logo, dê partida
Se tu tem amor a vida
(Jacinto foge em disparada)
HOMENS E MULHERES – Péra aí, seu desgraçado
Quebrador de catolé
(saem correndo pra pegar o Jacinto que foge no meio do povo)
NARRADOR – Foi assim que seu Jacinto
Escafedeu-se no mundo
Veio parar nessas bandas
Em busca do amor profundo
Ah! Lembram da moça solteira
Que queria se casar?
RITA MONTE – (descongelando a ação de atirar o santo no pilão)
E agora, agorinha
Você vai virar farinha
Paçoquinha de pilão
MARIA FISGADA – (curiosa)
Amiga, o que é isso?
O que estais a fazer
com o tadinho do santo?
RITA MONTE – Esse santo desalmado
Num cumpriu sua promessa
De arrumá um namorado!
MARIA FISGADA – Então tu num tá sabendo
Que chegou correndo, fugindo
De mais de setenta muié?
É minha fia, um tarado
Quebrador de catolé!
RITA MONTE - Ah! Meu santinho! Perdoa!
Essa tonta, desastrada
Vou pegar já a estrada
Correndo para encontrar
Esse moço benfazejo
Quem sabe? Num será ele
Com quem eu vou me casar!
NARRADOR – E na hora que se vira
Rita Monte se atira
Nos braços do fugitivo
JACINTO FERRO – Qué isso moça? Cuidado!
Num olha por onde pisa?
RITA MONTE – Me adisculpe seu moço
É que tô muito apressada
Num olhe meu alvoroço
Preciso encontrá um rapaz
Pra acabá minha aflição
Só ele será capaz
De me dá explicação.
NARRADOR – E Rita conta a Jacinto
O que acabou de saber
Dum rapaz que tá fugindo
Por quebrá o catolé
De mais de setenta muié
JACINTO FERRO – (desconfiado)
Com muito respeito moça
Me adisculpe a indiscrição
O que tu queres com ele?
Vai lhe cobrar a pensão?
Ou direitos conjugais,
Com fins matrimoniais?
RITA MONTE – Não! Quem dera! Né isso não
Quero encontrar com ele
Pra saber se ele me quer
Quem sabe, goste de mim
E quebre meu catolé!
JACINTO FERRO – (animado)
Ah! Tô intendendo agora
Mocinha esperta tu é!
Se achegue aqui sá bichinha
Que agora, agorinha
Vou quebrar teu catolé ...
RITA MONTE – Ai! Seu moço, tenha calma
Não se apresse, devagar
Esperei muito essa hora
Só lhe peço um instantinho
Deixe eu segurar o santo
Pra depois eu me entregar
NARRADOR – E começou o chamego
Mas, Jacinto ficou surpreso
Estatalado! Teso!
Com muita decepção
No lugar tão desejado
Num encontrou catolé
O que achou no espaço
Foi um cabaço esgarçado
Sem um pinguinho de mé
E muito desesperado
Tomou outra direção
(Jacinto vai para trás de Rita)
Ali estacionou
Da nova área gostou
Teve enorme sensação
Voltou para o velho espaço
Não se importou com o melaço
E então se declarou ...
JACINTO FERRO - Rita Monte, meu bem!
RITA MONTE – Jacinto Ferro, amor!
NARRADOR – E assim, os dois num só
Selou a bela união
Num casou, ficou.
E felizes para sempre
Os pombinhos agarradinhos
Fizeram juras de amor
Lembra do santo? O danado
num atendeu, da donzela o pedido
Porque o esperto sabia que dela
O mé já tinha escorrido
TODOS – E aqui agradecemos
A atenção de vocês
Adispois tem outra história
Pra você ficá freguês
Vamos passar o chapéu
Que Deus proteja vocês
Final com musica e coreografia
M de mar
A de amor
C de carinho, céu e sol de Maceió
E de eterno
I de ilusão
Ó Maceió você roubou meu coração
Ah! Que saudade do céu \
Do sal, do sol de Maceió / 2 X
Por: Lucy Almeida - Resultado de uma oficina com o grupo Imbuaça que num dia lemos os cordeis e depois cada um contou para o grupo. Em casa juntei as histórias ouvidas que resultou nesse texto. No outro dia tentamos fazer a encenação ...
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