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DE KARL MARX A PAULO GUEDES

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Se Karl vivo fosse e ainda lhe restasse algum fragmento de honestidade, ele diria indubitavelmente: “Esqueçam tudo que escrevi porque nada daquilo se aplica no mundo atual. Na verdade, já não se aplicava em minha época, embora só agora compreenda isso. Que o maior erro dos militantes de esquerda (pelo menos os sinceros) é acreditar ser possível alterar a ordem natural das coisas; Acolher a ideia de que o proletário volte a ser o senhor absoluto da sua força de trabalho em detrimento da livre iniciativa e da harmonia entre capital e trabalho”. Utopia.

Quando falo da ordem natural das coisas, refiro-me ao alvo que todo ser humano quer alcançar – a felicidade. Quando um trabalhador saía a vender suas manufaturas, o fazia na expectativa de uma boa venda; que angariasse o numerário suficiente para comprar a matéria prima do seu próximo ciclo produtivo e ainda o relativo ao valor agregado, retornando-lhe os demais bens de consumo, num ciclo que se repetiria. Eles erraram apenas no ponto em que deveriam reservar uma parte para se capitalizar. Salomão já dizia: “O homem sensato tem o suficiente, mas o insensato não, porque gasta tudo que recebe” (Pv. 21:20). Os burgueses entenderam e aplicaram isso, mas o proletário ainda carece desse aprendizado.

Por outro lado, os burgueses também em busca do mesmo objetivo, apresentaram-se aos trabalhadores como instrumentos de compras das suas mercadorias visando a revenda. Até aí, o negócio parecia bom para ambos. Os burgueses não pensavam em capitalismo nem na tal revolução industrial; e os artesãos, por sua vez, estavam felizes por não terem que correr atrás de compradores e assim, ambos seguiam satisfeitos.

O problema só complicou porque os burgueses acumularam mais capital do que imaginavam. O aumento de pessoas interessadas em comprar seus produtos demandou mudanças gradativas nos processos produtivos, a ponto dos artesãos perderem a autonomia do processo de trabalho, transformando-se em empregados dos capitalistas. Até aí parecia bom para os antigos artesãos, pois eles não precisavam mais sair para comprar suas matérias primas, manter uma oficina de trabalho, e ainda se livraram da tensão de não lograr êxito em suas vendas.

- Na busca por uma produtividade cada vez maior, se introduziu a divisão do processo produtivo onde cada artesão passaria a fazer parte do produto, fragmentando a habilidade, experiência e a perda do controle dos ciclos, o que favoreceu a substituição destes por um tipo de mão de obra barata, porém não menos eficiente (mulheres e crianças). Foi aí que Karl Marx entrou com suas teorias de litigâncias entre proletários e capitalistas, como se a ascensão do empregado em detrimento do patrão retornasse alguma possibilidade de êxito. Todavia, dentro do cenário e das informações que ele possuía a época, torna-se compreensível que pensasse assim.

Na verdade, o pensamento principal de Marx era tão simplório quanto elementar se fazia o sistema produtivo da sua época. Ele atacou a quantidade adicional de produtos fabricados em detrimento do valor que cada trabalhador ganhava por essa produção, ou seja: eles fabricavam 15 pares de sapatos, ganhavam o equivalente a 5, e o restante correspondia à “mais valia” que o “cruel” capitalista usurpava com a exploração dos trabalhadores.

De fato, Marx morreu, mas sua indignação ainda fertiliza as mentes de uma militância que ainda se diz acreditar numa contra revolução que já perdeu o prazo de validade; que nunca funcionou nem tirou o trabalhador da bancarrota. Em compensação, saciou a sede de poder de muitos que se tornaram absolutos, transformaram em novos ricos a sua militância mais expressiva, enquanto a classe trabalhadora, desafortunadamente, permanecia na pobreza, desemprego e ignorância.

Diferentemente, numa economia liberal com participação mínima do estado, cada cidadão é livre para administrar a sua vida, empreender e crescer economicamente. Ele pode ser um mísero trabalhador que teve a prudência de poupar parte do seu salário ou um herdeiro de um capital consistente. Cada um, independente do tamanho do seu negócio, possui em seu favor, um Deus bom e um mundo largo a todos acessíveis. Além disso, essa historia de capitalismo selvagem, relação opressora entre patrão e empregado e voracidade do mercado na busca do lucro, serve apenas a políticos de esquerda que necessitam de palanque.

Enfim, o sistema torna-se selvagem quando não produz a ampla empregabilidade do cidadão e, neste caso, a culpa não é dos empregadores, mas do desestímulo em função das obrigações que o estado os impõe. São essas as barreiras que o atual ministro tenta desmoronar, que já apresentaram resultados, não obstante, a truculência de uma nefasta oposição que tenta empurrar o país para o buraco só para não dar cartaz ao novo presidente.

Pelo dito, a libertação do proletariado se estriba no conhecimento, na formação técnica e num sistema educacional que o faça vislumbrar um universo de possibilidades e realizações. É nesse ponto que o estado precisa ser forte, a ponto de implementar políticas educacionais que contemplem o cidadão desde a tenra idade, oferecendo-lhe condições competitivas até diante dos filhos do rei. Mas, esse tipo de gente culta e honesta é mais criteriosa na escolha dos seus representantes; é gente que não se deixa enganar, tampouco se vende por um afago. Políticos corruptos detestam esse tipo de eleitor. Por isso que eles gastaram tanto em educação sem que os resultados evoluam.

Finalmente, é como o presidente costuma recitar repetitivamente: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (João 8:32)

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Edson de Carvalho Silva ESCRITO POR Edson de Carvalho Silva Escritor
Maceió - AL

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