Paraíso dos Escritores Aflitos
Paraíso dos Escritores Aflitos
Quando Deus criou Alagoas
Chamou-a de Paraíso
Tomou uma tábua em suas mãos
Deitou os seguintes escritos:
Salve o Estado das Águas E dos Escritoes Aflitos
Há- lagoas, há plantações
Poetas que assinam com o polegar
Mulheres amantes das Letras
Poetisas do lar
Há cantores, folguedistas, versos perdidos na memória
Há livros empoeirados, pedaços de nossa história
Palavras queimam nos olhos
Como arde água de mar
Nas entrelinhas raivosas
De quem vem denunciar
Alagoas, um Ninho de Cobras, codinome dado por Lêdo Ivo
Com Histórias Mal Contadas, na Espanha lançou seu livro
Falou de cegos, ladrões de cavalo e ambulantes
Considerava estes personagens deveras interessantes
Doce como uma cana, disse Toni Cavalcante
Metáfora inapropriada pr'esta terra amargurante
Arriete Vilela, relembrando as feridas
Falou sobre grandes paixões e o sentido da vida
Ávidas Paixões, Áridos Amores
A obra que revela a alma sensível
De nossos autores
A graça de Ramos, em seus autos sem riso e alegria
Calados, sem sonhos, o enredo da monotonia
São sagas silenciosas
Com a presença da seca
E consequências dolorosas
Os fabianos da vida, não são diferentes de nós
Carregam pela caatinga, protestos mudos, sem voz
Paraíso do inacesso ao livro
da ausência da leitura
A ignorância humana
A falta de cultura
Se estamos num paraíso
Tal éden encantado
Sofremos eternamente
Escrever é um pecado.
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Comentários
Muito bom Jane ! Parabéns ! Que DEUS a ilumine cada vez mais e obrigado por participar do 4º ENCONTRO DOS ESCRITORES ALAGOANOS.
Parabéns pelo poema. Gostaria de sugerir a criação de um espaço para resgate destes escritores. Poderíamos começar por Judas Ysgorogotas que ,de Lagoa da Canoa teve que ganhar o mundo para ser reconhecido ,estando tão esquecido pelo seu próprio povo. Nos deveríamos , sim, estar aflitos por estes resgates. O texto é muito pertinente e oportuno.